quinta-feira, março 30, 2006

"SEMOS DOTÔ PORQUE LUTEMOS"

Já está na Câmara dos Deputados, com pedido de urgência urgentíssima para votação, o Projeto de Lei nº 73, de 1999, que reserva 50% das vagas nas universidades públicas a estudantes que cursaram o ensino médio em escolas da rede pública. Deve ir a plenário para votação em 15 dias. E já na próxima semana será tema de audiência pública, na qual os especialistas terão voz. Eu sou um especialista em ser do contra. Deveria ser ouvido. Nos últimos anos os cabeças pensantes do país, provavelmente de olho no voto, estão sempre a reboque dos grupos sociais autodenominados minorias. Em todo o mundo universidade é escola de excelência, lugar dos excelentes, dos que ralaram, estudaram, aprenderam e provaram que estão preparados para um ensino superior. No Brasil o simples fato de ter a pele negra já é motivo para guardar vaga em uma faculdade. Ser índio também dá direito. E agora, gradualmente, quem sai da escola pública falida vai ocupar 50 por cento das vagas de excelência. É, de certa forma, um prêmio à omissão do poder público. Os governos federal, estadual e municipal gastam bilhões de reais com escolas, com professores ineficientes, com um sistema de ensino superado e com raras exceções alguma escola do ensino médio tem bom funcionamento. Isto não está em discussão. Foi mais fácil estabelecer um critério de valor para entrar na universidade: sair de escola pública gratuita. Quem for esperto, para não dizer desonesto, vai dar um jeitinho para estudar em boas escolas particulares e na hora H aparecer com currículo de escola pública para ganhar pontos e ingressar no ensino superior. Alguém duvida? Em dez anos, quando as minorias se derem conta, vão perceber que lutaram na causa errada. Vão se perguntar se teria sido tão difícil assim cobrar ensino médio de qualidade, ao invés de pular a janela da universidade na marra. Entrar na universidade com pouca qualificação significa quase sempre graduação deficitária. Quem não teve condições de cursar, no ensino médio, uma escola particular, mesmo sem pagar mensalidade da universidade pública vai ter dinheiro para investir em livros caríssimos? Sem falar que nem só de livros didático se faz um bom doutor. Há toda uma parafernália de informação, de leitura especializada, de investimento em tecnologias que estão sempre se renovando. O mercado de trabalho, no Brasil, tem uma imensa necessidade de tecnólogos, que podem se formar em escolas de menor custo. Infelizmente o que dá voto é oferecer à galera, para usar uma linguagem jovem, um diploma de questionável graduação, produzindo uma massa de “formados” satisfeitos com a oportunidade e infelizes pela falta de emprego. O mercado, é sempre bom lembrar, não se engana com diplomas. Ganha a vaga quem realmente provar que está devidamente qualificado.

quarta-feira, março 29, 2006

O NOVO MAGO DA ECONOMIA

O novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, assumiu fazendo uma promessa de magia: levar o Brasil a uma taxa de crescimento entre 4 e cinco por cento este ano. Estamos em março. Ou melhor, iniciando o segundo trimestre do ano de 2006. Qualquer menininho de 16 anos, que viu na escola as primeiras noções de economia, sabe que o crescimento não é passe de mágica. É trabalho, é investimento, é capacidade de competir, é ter receita maior que despesa. Nunca é demais recordar que o Brasil acabou de enfrentar uma crise de energia elétrica. As dificuldades foram vencidas compulsoriamente e de lá para cá nenhum grande investimento foi feito no setor, que possibilite pendurar pelo menos uma indústria de médio porte na rede energética. Até o programa que deveria aumentar a capacidade de Itaipú está sob suspeita de atolamento em propina. No setor de transporte o melhor investimento foi recente. Tapar os buraquinhos das estradas, que ressurgiram. Não há nenhum programa de construção de novas rodovias, de hidrovias ou ferrovias, a não ser discursos de possibilidades. Se alguma coisa começasse hoje dificilmente ficaria concluída nos nove meses restantes do ano. As taxas de juros que poderiam ser um atrativo para motivar empréstimos a empreendedores só beneficiam aos especuladores. Não se conhece nenhum empresário, a não ser um grande suicida econômico, que se atreva trabalhar com dinheiro bancário para ter lucratividade negativa. Aliás quem for esperto no Brasil vai é trocar a atividade empresariam pela de investidor no mercado de capital. E como falar em crescimento sem estimular o consumo interno, que possibilite maior demanda para a indústria e o comércio? Como consumir se a taxa de desemprego oscila de estável para maior, os salários estão achatados e etc... etc... etc? Pelo visto a economia do Brasil vai se sustentar nos mesmos pilares do Palocci: estabilidade da economia internacional, pagamento adiantado de algumas parcelinhas da dívida externa e um bom discurso interno para dizer que se não pioramos tá tudo muito bão.

terça-feira, março 28, 2006

LULA: O SUPERDOTADO

Em meio ao turbilhão de denúncias de corrupção envolvendo figuras até então insuspeitas do PT, auxiliares próximos, amigos, filhos, irmãos e compadres do Presidente Lula, a economia do País não deu nenhum sinal de fraqueza. A não ser o fato de que está quase parada, crescendo cinqüenta por cento menos que o resto do mundo. Percebendo isto, que todo o resto está contaminado e a economia está à salvo, os propagandistas e os homens de marketing do presidente agarraram-se logo à questão. Ouve-se, repetidamente, desde quando começou a crise, que a economia não é decisão do Palocci, mas do presidente. Agora mesmo, com a troca de ministros, Mantega assumiu ouvindo que foi escolhido, entre os vários nomes, porque é muito amigo de Lula. Em outras palavras: é mais fácil obedecer as ordens e seguir as sábias orientações macroeconômicas do ex-operário. Todos os petistas estão treinados para repetir o jargão. Hoje mesmo, no Piauí TV do meio dia, na TV Clube, o governador Wellington Dias exercitou a nova palavra de ordem: “O Lula é um superdotado, que tem uma capacidade de entender sobre todo o arcabouço do projeto que é desenvolvido no Brasil. E qualquer um que esteja sob seu comando irá fazer o projeto continuar.” Entenda-se superdotado como referência à inteligência, à mente, à cabeça. Sem dúvida que o presidente entende sobre o arcabouço do projeto que é desenvolvido, principalmente o projeto de reeleição. A economia vai bem? É ele quem está à frente. O que não deu certo, o que é imoral, anormal, ele não viu e não sabe de nada.

segunda-feira, março 27, 2006

DEMISSÃO OU CADEIA?

O presidente da CEF, Jorge Mattoso, está prestando depoimento agora à tarde na PF. Deve revelar, ou dar uma desculpa esfarrapada, de quem foi a decisão e a ordem para a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o piauiense que colocou a corda no pescoço do ministro Palocci e o presidente Lula está demorando chutar o banquinho. Um consultor de Mattoso já teria dito à PF que o extrato do caseiro foi parar no gabinete do chefe. A mídia está toda aguardando que o todo-poderoso da CEF infle o peito e diga que está pedindo demissão. Tem uma parte decepcionada porque o presidente Lula ainda não o demitiu. Mas o que deve se esperar mesmo é a ordem de prisão para os culpados. Os apressados petistas que colocaram o caseiro na mira do linchamento moral, querendo transformá-lo em bandido para salvar a pele do chefe Palocci, cometeram um crime. A entrada e impressão do extrato da conta poupança do caseiro, sem autorização, para usar uma expressão jurídica, configura violação da lei do sigilo - Lei nr. 105/2001, cuja pena prevista é de um a quatro anos de cadeia.

sábado, março 25, 2006

AS PROFECIAS DE PALOCCI

Vimos ontem, no Jornal da Globo, o ministro Palocci falando e falante, depois que foi confrontado pelo caseiro Francenildo. Falou de economia, disse que o Brasil está navegando em céu de brigadeiro e reclamou: “é incrível que a economia esteja tão bem e eu, o ministro da Fazenda, esteja no terceiro ou quarto círculo do Inferno de Dante”. Opa! Ele disse terceiro ou quarto círculo do Inferno de Dante. Vamos ver o que isto significa. Terceiro Círculo – É o local no inferno, segundo a visão de Dante Alighieri, para onde são mandados aqueles que cometem o pecado da gula. O ministro realmente tem uma aparência untuosa, de fartura alimentar. Se bem que segundo o breve depoimento do caseiro o ministro tem outras gulas. Mas é bom ver que no Terceiro Círculo do Inferno de Dante também tem espaço para profecias. Ciacco, um político de Florença que está no inferno condenado pela gula, diz o que vai acontecer com a sua cidade: “Depois da paz, haverá guerra e sangue... - relatou Ciacco - ...depois de três sóis, com a ajuda daquele que agora parece estar dos dois lados, voltarão ao poder, e por longos anos manterão os outros afastados, por mais que implorem ou chorem.” Trazendo para a atualidade é fácil saber quem voltará ao poder e quem será afastado. O Quarto Círculo do Inferno é o da Avareza. E deve combinar bem com Palocci. Basta comparar a passagem descrita por Dante com algumas notícias de jornais dos últimos anos. Vamos à passagem de Dante Alighieri: “Aproveitamos, então, para descer pela beira que contorna o quarto círculo. Lá vi mais almas que em todos os círculos precedentes. Estavam organizadas em dois grupos que se enfrentavam, com os peitos nus, rolando grandes pesos em sentidos contrários até colidirem uns com os outros. Após o choque um grupo gritava "por que poupas?". O outro gritava "por que gastas?". Depois do choque seguiam em sentido contrário até se encontrarem novamente, do outro lado do círculo. E assim continuavam por toda a eternidade.” Qualquer comparação com o PT seria mera coincidência.

sexta-feira, março 24, 2006

ENCONTREI MEU ÍDOLO

Acabei de receber de volta o computador que me fez muita falta desde domingo à noite. Uma chuvarada, com raios e trovões, segundo os técnicos, motivou a queima de uma certa placa de rede. É incrível descobrir que em meio a tanta tecnologia isto ainda seja possível. Mas na verdade o que estou fazendo agora é pedindo desculpa pela ausência e oferecendo uma crônica escrita em outubro de 2005, sob o título acima. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Rejeitei sempre a idéia de ter um ídolo. Imaginava que todos os ídolos têm pés de barro: na umidade, desmoronam. Foi assim desde a adolescência. Fortaleci a crença depois que assisti, no teatro Berliner Ensemble, em Berlim, a montagem da peça Galileu Galilei, de Bertold Brecht. Numa das passagens, o físico, matemático e astrônomo italiano Galileu, representado por um ator de voz forte e grave, respira fundo, olha no fundo dos olhos de um dos discípulos, e diz: “Pobre de um povo que precisa de um ídolo”. O discípulo o censurava por ter renegado, diante dos inquisidores da Igreja Católica, suas idéias de que o universo era heliocêntrico, ou seja, que o sol era o centro e tudo girava em torno dele. Galileu Galilei, acusado de heresia, livrou-se de beber cicuta, assinou um documento dizendo que tudo o que pregava era só uma hipótese, e ao voltar para casa este discípulo desesperado perguntara: “mestre e agora em quem vamos nos espelhar? Confiamos no senhor, temos certeza que o universo é heliocêntrico. O senhor é nosso ídolo e não deveria ter recuado.” Bem mas isto é uma história que faz parte da biografia de Galileu. O de que devemos tratar aqui é do meu recuo. Rejeitava ter um ídolo e agora confesso que o tenho. Trata-se de uma mocinha pobre, da periferia de Teresina, cujo exemplo lançou por terra todas as minhas convicções. Mas antes de apresenta-la quero explicar. Tudo começa em Nova Orleans, que ficou isolada do mundo no final de agosto de 2005, após a passagem do furacão Katrina. Com a cidade alagada, em quarenta e oito horas a população ficou sem água e sem comida. Cidadãos até então insuspeitos, pais de família exemplares, formaram gangues e se lançaram contra pessoas mais fracas, para tomar mantimentos e água potável. No noticiário o mundo ficou sabendo de mulheres que foram estupradas e espancadas porque se negavam entregar as migalhas de pão que escondiam para alimentar os filhos ou irmãos mais jovens. A civilização virou barbárie. Isto nos levou à reflexão de que o homem precisa de apenas 48 horas para voltar ao estado primitivo. Perder a razão e agir por instinto não é tão difícil. Depende apenas de circunstâncias. Corte rápido. Próxima cena Teresina. Estudantes de uma escola da periferia, usando planilhas e critérios elaborados pela ONU, fazem uma pesquisa e descobrem que, de todos os moradores de vilas e favelas da capital piauiense, pelo menos 32 por cento vivem abaixo da linha de pobreza. Cena seguinte: matéria da repórter Denise Freitas na TV Clube mostrando os números da pesquisa dos estudantes. Como personagem a reportagem buscou uma senhora que estava há dias ou semanas morando sob a rala sombra de um cajueiro, com três filhos. Supostamente abandonada pelo marido, que um dia saiu de casa dizendo que só voltava quando conseguisse emprego, a mulher foi despejada de um casebre e a única saída foi o cajueiro. Ali ficava perto de alguns conhecidos que a socorriam com a caridade do alimento. Tira-se daí a segunda conclusão: a violência urbana é fruto dessa diferença social. Como formar cidadãos, se 32 por cento das pessoas da periferia não têm certeza nem garantia de acesso ao mais elementar para vida digna? Mas na reportagem a principal personagem não aparece. Alegou que ia ser alvo de chacota na escola, onde já sofria toda sorte de preconceito dos colegas por não ter roupas decentes e um tênis para se enturmar com os mesmos padrões. Junto com a calça jeans surrada e o tênis rasgado, largando a sola, a menina de 15 anos mostrou em off o boletim escolar. Notas excelentes, garantia de aprovação em um ano em que perdeu o teto. E a comida de cada dia sempre foi incerteza. Tinha todas as desculpas para deixar o colégio, que fica no centro da cidade, a uma distância aproximada de nove quilômetros. Escola pública federal, CEFET, curso profissionalizante, que sabidamente tem uma grade curricular exigente. Natyelli da Silva, esta criança madura, revelo agora, é o meu ídolo. Derrotou a negou a bestialidade dos americanos de Nova Orleans, desmentiu a assertiva preconceituosa de que é a periferia pobre que produz bandidos e, mais que tudo, enfrentou as adversidades, se protegeu da investida dos jornalistas e dá exemplo de dignidade ao não desistir do futuro.

quarta-feira, março 22, 2006

DESONRAR O POBRE INOCENTA O PODER

O presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu aprovar, nesta quarta-feira, requerimento da líder do PT, Ideli Salvati, para investigar a eventual movimentação do caseiro Francenildo dos Santos Costa nas dependências do Senado. O argumento da senadora de Santa Catarina é de que o caseiro andou recebendo treinamento de senadores de oposição para detonar o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, na entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo". A PF agora pode vasculhar todas as fitas gravadas nas dependências do Senado, ver canhotos de crachás de visitantes, enfim, como já quebrou o sigilo do Francenildo arbitrariamente, vai ter que encontrar o rastro da presença do rapaz no Senado para receber o treinamento alegado pela senadora petista. Alguém duvida? O caseiro, que já teve mais de quinze minutos de fama, deve enfrentar agora o inferno astral. Se por algum motivo, em qualquer circunstância, tiver passeado pelos corredores do senado, será considerado culpado. Se tiver passado pelo frente será considerado suspeito. Deve responder a processo por falso testemunho e, quem sabe, as merrecas que recebeu do pai, na poupança da CEF, serão insuficientes para pagar a idenização devida ao ministro por tê-lo ofendido.

O ADJETIVO DO B. SÁ

Que pecado pode levar o deputado B. Sá ao juízo final? Nenhum, certamente! Não carregou dinheiros em malas, não foi flagrado com grana na cueca, não escondeu cédulas nas caixas de rum em rápidos jatinhos, não usou Banco Rural e nem secretária especializada em contar notas em apartamentos de luxuosos hoteis. Foi mais original. Com amplo direito de se expressar recorreu ao um adjetivo VOLUMOSO para fazer uma certa cobrança. Tanto pode ser dinheiro quanto outra coisa qualquer. Semente de leguminosa, por exemplo. Os pesquisadores investem muita grana para produzir um capim volumoso com que alimentar o rebanho no semi-árido. Volumoso vem de volume, que também pode ser pacote, embrulho, fardo. Coisa de pobre! Rico usa maleta, ou mala de grife. O deputado é homem culto. Daí o adjetivo volumoso poder ser tomado como substantivo masculino TOMO, que significa livro, ou fascículos de uma obra literária. Sem falar que, como médico, poderia também estar se referindo ao valor que se obtém quando se divide o peso atômico de um elemento por sua densidade, o que designina o VOLUME ATÔMICO. E ainda no campo da química poderia estar se referindo ao VOLUME MOLAR, que determina a quantidade do mol de uma substância. E que tal ser mais erudito ainda e dizer que o VOLUME MOLAR é o quociente do volume da solução pelo número de moles do solvente e do soluto contidos nesse volume? Poucos entenderiam mas fica mais fácil acreditar. Os doutores sempre levam vantagem. Na física, igualmente, quem se interessar por pacote vai encontrar o VOLUME REDUZIDO, que é o quociente do volume duma massa de gás pelo volume crítico dessa massa. E se alguém disser ou reclamar que se está falando de um VOLUME ESPECÍFICO, Eu explico: específico, na física, trata-se do volume da unidade de massa duma substância. Por exemplo, o volume do gás produzido na decomposição de um quilograma de um explosivo, reduzido às condições normais. Como se observa, o deputado B. Sá está com uma BOMBA nas mãos, mas tem muitos argumentos para se explicar. Ao se esconder, tem poucas chances, como na física, de voltar às condições normais.

terça-feira, março 21, 2006

FRANCENILDO NO BANCO DOS RÉUS

Vi, agora há pouco, na Folha on-line: "O caseiro Francenildo dos Santos Costa autorizou os integrantes da CPI dos Bingos a analisarem dados sigilosos referentes à sua movimentação bancária, às ligações de seu telefone e a seus dados fiscais." Ou seja, o rapaz deixou de ser testemunha e está sendo tratado como réu. Tem de provar que não recebeu nenhum dinheiro, nem tampouco ligações para depor contra o ministro Palocci. E é bom lembrar que ele foi impedido de ser testemunha, quando uma liminar o impediu de depor na CPI. Não duvido nadinha se, lá pelas tantas, o Francenildo coitadinho dos Santos for considerado culpado por todos os demandos do PT, da CEF, da PF, do presidente do SEBRAE e do Lulinha, filho de Lula. Como se recordam, todos são a bola da vez para os argumentos de campanha eleitoral.

segunda-feira, março 20, 2006

LENGALENGA DO MINISTRO

O ministro da Justiça, Mácio Tomaz Bastos, disse que a quebra de sigilo bancário do caseiro calo do Paloci, o piauiense de Nazária Francenildo da Costa, é grave e vai ser apurada. Lengalenga puro. Ao invés de dar declarações já devia ter apresentado o funcionário da Caixa que meteu os pés pelas mãos, ou melhor, que meteu os interesses partidários nos negócios privados do rapaz. Qualquer menininho que mexe com informática sabe que conta bancária depende de uma senha para ser acessada. Ora, na data em que foi tirado o extrato alguém fez um acesso e não foi o caseiro que estava na PF no momento. Se não foi o Francenildo com certeza foi um funcionário da CEF, que tem cartão próprio e senha de livre acesso a qualquer conta. Então, ministro, apresenta logo quem acessou a conta do rapaz. Ou conta uma história melhor que esse discurso lengalenga de que "é grave e será apurado".

sábado, março 18, 2006

UMA MÃO SUJA A OUTRA

O presidente do STJ, Edson Vidigal, aquele mesmo que recebeu os nossos aplausos pela retidão com que atuou no episódio da prisão do jornalista Arimateia Azevedo, Entortou. Concedeu uma liminar, atendendo a um mandado de segurança, que impede a realização das prévias do PMDB, neste domingo. Aliás impedia. Outra liminar já restabeleceu os direitos do PMDB de escolher, pelo método legal que quiser, um candidato à presidência da República. O presidente do STJ, com a liminar, fez um mimo ao Presidente Lula e ao Senador José José Sarney. Fez o mimo e se mandou para o Maranhão, onde é candidato a governador. É samba de crioulo doido: A maior autoridade judiciária do país, sem deixar o cargo, sem se aposentar, vira político, se declara candidato e faz campanha política fora do prazo. Não entendi nada mas tenho certeza que tem coisa errada. Como bem o disse Guimarães Rosa "a gente só sabe bem aquilo que não entende".

sexta-feira, março 17, 2006

A DIFERENÇA ENTRE OS DESIGUAIS

No Brasil, quebrar o sigilo bancário de qualquer pessoa depende de um bom argumento, com provas da necessidade, na Justiça. Dos que têm poder, então, nem pensar. Mas há sempre um jeitinho, certo? Errado. Um jeitinho há, sim, somente contra os coitados. Principalmente se alguém se atrever enfrentar um poderoso. É o que aconteceu com o coitado no rapazinho de Nazária. A revista época vai circular amanhã contando toda a infeliz história. Acompanhe na própria apuração da revista: "Extratos revelam depósitos para caseiro O caseiro Francenildo dos Santos Costa, que ganhou fama ao aparecer na CPI dos Bingos esta semana acusando o ministro Antonio Palocci de freqüentar a “casa do lobby”, montada por lobistas de Ribeirão Preto pode ser um trabalhador humilde, como foi descrito diversas vezes, mas está longe de passar por dificuldades financeiras. Época teve acesso a um conjunto de extratos de uma conta poupança na Caixa Econômica Federal em nome dele. A conta, de número 1048-8, fica na agência do Lago Sul, próxima à casa onde ele trabalhae mora. Segundo estes extratos, desde o início do ano, a conta recebeu depósitos de R$ 38.860,00. Todos foram registrados como “depósitos em dinheiro”. Francenildo reconheceu os depósitos. De acordo com o caseiro, eles foram resultado de uma doação familiar.Os extratos indicam que, quando o ano começou, a conta em nome do caseiro tinha um saldo de R$ 24,76. No dia 6 de janeiro, é registrado um depósito de R$ 10.000,00. Três dias depois, aparece um saque com cartão eletrônico de R$ 2.500,00. Nos dias seguintes, há outros saques, de menor valor. Em 6 de fevereiro, aparece um outro depósito, desta vez de R$ 9.990,00. A conta fica parada até o dia 15 de fevereiro, quando há um saque de R$ 15.000,00, novamente com cartão eletrônico. Um dia depois, outro depósito, desta vez de R$ 10.000,00, mais uma vez em dinheiro.No dia 3 de março, há o registro de mais um depósito, de R$ 3.870,00. Finalmente, em 06 de março há outro depósito no valor de R$ 5.000,00. No dia 16 de março, quando foi tirado o extrato, o saldo da conta é de R$ 19.662,35. Neste dia, Francenildo depôs na CPI.Ao receber os extratos, a reportagem de Época entrou em contato com o advogado Wlício Chaveiro Nascimento, que representa o caseiro. Ele levou um susto. “Não sabia que ele tinha dinheiro. Estou defendendo ele de graça”. Quinze minutos depois, o advogado telefonou para a redação. De acordo com ele, Francenildo reconheceu os depósitos, mas disse que o dinheiro veio de seu pai. “Ele é filho bastardo do empresário Euripedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina. O pai mandou este dinheiro em segredo, porque a família não sabe que ele ajuda o Francenildo”, disse o advogado.Segundo o caseiro, o pai mandou R$ 25 mil. O saque de R$ 15 mil teria sido para comprar um carro. “Ele desistiu de comprar o veículo e depositou de novo boa parte do dinheiro, cerca de R$ 13 mil”. O empresário Euripedes Soares confirmou à Época que fez os depósitos, mas negou que seja pai do rapaz. "O sobrenome dele é muito diferente do meu para eu ser pai dele", disse. Ele afirma que só vai explicar o motivo do depósito "depois de falar com um advogado".(Gustavo Krieger e Andrei Meirelles)"

quinta-feira, março 16, 2006

TEXTO 10 X TABUADA 0

Com o título: “Lula pode derrotar Alckmin já no primeiro turno, segundo pesquisa CNI/Ibope”, a Agência de Notícias Reuters distribuiu ontem a seguinte notícia – “Um dia após o PSDB ter definido o governador Geraldo Alckmin como seu candidato à Presidência da República, uma pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou nesta terça-feira uma folgada vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. No primeiro turno, Lula tem hoje 43% das intenções de voto, enquanto o governador paulista aparece com 19%. Neste cenário, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) tem 14%, e a senadora Heloisa Helena (PSOL), 5%. Os votos brancos e nulos somam 11%, e os indecisos, 8%." Pelos dados da notícia eu faria um título dizendo que o presidente Lula ainda não consolidou a reeleição. Não sou especialista em pesquisa, mas sei o que elas dizem. A Reuters sugere que Lula ganharia no primeiro turno. Não sei como. Ele tem 43% das intenções de voto. Os demais candidatos e os eleitores indecisos somam 46%. E até onde eu sei matemática é uma ciência exata. O jornalista da Reuters que fez as contas não sabe tabuada. Ou na pior das hipóteses, para ter uma maior soma de votos invalidados, somou os 8 por cento dos indecisos aos 11 por cento que disseram que anulariam o voto ou votariam em branco. Voto indeciso não é a mesma coisa que voto branco ou nulo. A pesquisa, diferentemente do que a Reuters entendeu, me diz que o presidente Lula, se a eleição fosse hoje, não teria a menor chance. Nem em primeiro nem em segundo turno. Anote para conferir depois se esta tendência de números for mantida ao longo da campanha eleitoral.

quarta-feira, março 15, 2006

ACORDO À MODA ANTIGA

O Brasil acompanhou ontem a vitória do Exército Brasileiro sobre os traficantes do Rio de Janeiro. Dizem as notícias que a recuperação das armas roubadas, aliás tomadas de assalto de dentro de uma base militar, deveu-se ao trabalho de inteligência e investigação do Exército e da PM do Rio. A melhor manchete saiu no UOL, pela internet: "Exército nega acordo com traficantes para recuperar armas". Deve ser o assunto dos jornais de amanhã, quinta-feira. Mas é claro que não houve acordo, desse tipo moderno, com papel assinado. Qualquer brasileiro, com um mínimo de inteligência, que conhece como funionam as coisas no Rio, sabe perfeitamente que nenhum general ou oficial subordinado subiu o morro para parlamentar com chefes de traficantes. Seria o cúmulo do absurdo, uma desonra para a instituição. O acordo jamais poderia ser direto. Não da forma convencional. Ele existiu a partir do momento em que as tropas subiram os morros com carros de som anunciando que só queriam as armas. Ele existiu a partir do momento em que nas entrevistas à imprensa o oficialato brasileiro ressaltou que as tropas desocupariam os morros tão logo as armas fossem recuperadas. Assinava-se ali, com carimbo da palavra empenhada, o perdão pelo crime de invasão a uma unidade militar. Devemos acreditar que houve, sim, um trabalho de inteligência. Mas o cérebro foi usado muito mais pelos traficantes. Se o exército queria só um punhado de armas velhas, não iria prender nenhum criminoso, e estava atrapalhando os negócios nos morros, em alguns casos até confiscando trouxinhas de drogas dos mercadores mais insignificantes, por que não devolver o que os bravos soldados procuravam? E assim foi feito. E assim os generais têm discurso para atender a mídia. E assim os traficantes têm tranquilidade para retomar os negócios.

TIPO ASSIM ULTRAPASSADO

Descobri com espanto mas conformado, que sou de outra época. O alerta veio de minha filha, Thissiane, que resolveu, num misto de homenagem e bem querer, seguir a minha profissão de jornalista. Só que pelo caminho inverso. Ao invés de tentar aprender in loco, começando como revisor e indo aos poucos passando pelos processos de composição até chegar à redação, entrou na Universidade Federal no curso de Comunicação Social. Sou mesmo de outra época. Mas como eu ia dizendo, com um ano e meio de curso ela me procurou para auxilia-la em um trabalho sobre televisão. Meti os pés pelas mãos: quis explicar o começo de tudo, a época em que a TV era em preto e branco. Ela, muito prática, contra-argumentou na hora: “papi, daqui a pouco você vai querer me convencer que o mundo era em preto e branco. Como pode? Você só tem cinqüenta anos e ainda é desse tempo?” Foi difícil convencê-la de que o mundo andava em marcha lenta até ontem e que a pressa da juventude acelerou tudo. Tem cada bebê chorão fazendo genialidade que nem dá para contar. E isto me lança mais ainda para uma outra época. Sou do tempo da máquina de escrever, da cópia em carbono ou e da cópia em mimeógrafo a álcool. Sou do tempo em que o carro da moda era o Fusca de estribo e com pára-choque niquelado. Andei de Simca Chambord, dirigi um DKW (pronunciava-se decavê), um Aero Willis e também o Gordini. Sou do tempo em que pesquisa se fazia em bibliotecas públicas, espirrando sobre enciclopédias e livros especializados com páginas enceradas pelo sebo do manuseio. Claro que não tenho motivo para ter saudade dessas coisas ultrapassadas. Adaptei-me ao novo, ao moderno. Mas às vezes sinto cansaço em comemorar hoje o aprendizado de uma nova tecnologia e acordar no outro dia lendo que tem uma atualização. E lá se vão horas de novo aprendizado para se adaptar à nova atualização da próxima semana. Só há uma coisa que não consigo aprender do mundo moderno: a linguagem versátil da garotada. Bisbilhoto vez por outra os grupinhos formados nos shoppings e cantos da moda. Não consigo acompanhar as conversas. Acho que só consegui, por exemplo, descobrir o que significa “tipo assim”. Deve servir para muita coisa porque é sempre a expressão mais usada. Não estou brincando. Aliás vou reproduzir uma conversa rápida, ouvida da mesa ao lado, entre dois adolescentes: - ... Deu pedal lá, cara? - Deu, mermão. E a gata é... tipo assim... demais. - Demais mesmo, né? - Bicou legal, tipo assim... tudo a ver... E se mais não assimilei é porque nada entendi do diálogo. O que seria o “demais mesmo, né”? E o “bicou legal”? “Tipo assim” já entendo como qualquer coisa. Bem, o que vale é que os dois se comunicaram. Pelo menos eu acho que sim. Tenho uma amiga mãe de um lindo garoto de doze anos, gênio em computador segundo ela. Passa horas “pesquisando” e trocando informações com os amiguinhos, via ICQ (imagino que deva ser uma ferramenta para diálogos digitais – se é que isto seja possível). Ela ficou revoltada porque em uma prova de redação o espertinho perdeu pontos. Não foi compreendido pelo professor. Segundo ainda a minha amiga, o filho querido apenas usou a linguagem jovem. Tipo assim: vc, trank, d+, ñ, tmb, nunk. O professor naturalmente não quis perder tempo para descobrir que estas coisas aí provavelmente significam, pela ordem, você, tranqüilo, demais, não, também e nunca. Estou ultrapassado! Tipo assim muito assustado. Desconfio seriamente que logo logo vou precisar de tradução simultânea para conversar com os meus netos. E se as redações forem invadidas por esta geração comunicativa, genial, que descarta as boas palavras que ainda teimo em usar e compreender como necessárias, como farei para me informar e entreter? Tem razão a minha filha. Eu fui criado em um mundo em preto e branco.

segunda-feira, março 13, 2006

A ÉTICA DO MALANDRO

Uma provocação: Eu não ligo a mínima para os Códigos de Ética. Não passam de modismos e de certa forma só contemplam os malandros. Há sempre um artigo ou um parágrafo à disposição dos poderosos, contra os jornalistas ou qualquer outro profissional. Na Universidade deve-se aprender técnicas. A ética cada um recebe do berço: no convívio familiar, no convício dos colegas de escola, na formação religiosa. Esta é a ética que eu conheço. Um publicitário é treinado para vender produtos e marcas, um advogado é treinado para defender causas, um médico é treinado para salvar vidas. Pelos modismos da ética um médico poderia, por exemplo, pedir a ficha corrida do paciente para saber se é bandido? Um advogado está sendo aético ao defender um criminoso? O que seria ético para um publicitário? Pegar um contrato de dez mil para promover uma festa, digamos, religiosa, ou pegar uma conta de cem mil reais para emplacar uma marca de bebida? Acho, particularmente, os manuais de ética uma grande hipocrisia. Para mim o código de ética são a Constituição Federal e as leis complementares. Se alguém se der ao trabalho de ir na internet pesquisar Código de Ética vai encontrar um infindável número de sites. Tem, por exemplo, o Código de Ética dos Observadores de Pássaros com um artigo que permite a invasão do habitat natural das aves mas proíbe qualquer tipo de perturbação das mesmas. Dá até vontade de entrar na profissão só para saber como isto seria possível. Ou seja: cada categoria profissional se acha no direito de imprimir algumas normas de conduta por puro exibicionismo. E em alguns casos para adquirir privilégios. Conheço dezenas de jornalistas que do Código de Ética só ouviram falar, nunca viram nenhum manual impresso, e são incapazes, por formação e por convicção, de cometer quaisquer deslizes éticos. Preferem levar furo, arriscar a audiência ou vender menos jornal. Chegariam até ao extremo de perder o emprego. Em outra versão há aqueles que vivem citando cada artigo do Código de Ética e destroem princípios básico da boa conduta se protegendo com a tal liberdade de imprensa e com o falho argumento do direito à informação.

sábado, março 11, 2006

SAUDADES DA TITIA

Caramba! Cinqüenta e poucos anos e um vocabulário sofisticado. Diria até científico. As preocupações agora são outras. E freqüentes: medir a taxa de glicose, o colesterol, o triglicerídio, uréia, creatinina, ácido úrico, fosfatase alcalina, transaminase oxalacética, transaminase perúvica, bilirrubina. Exame de urina segundo jato e tantos et cetera que não caberiam em um discurso. Nunca sei se os médicos estão realmente preocupados com a minha saúde ou querendo aproveitar as facilidades do meu Plano de Saúde. Mas o que importa? O essencial é que a cada visita médica bate a saudade de outrora. Na verdade outrora nem sei se já havia a profissão de médico. Uma tia minha, sempre alegre e perfumada, era quem se preocupava com a saúde da família. Vez ou outra passava lá em casa. Olhava os nossos ouvidos, o nariz e a garganta. Minha e de meus irmãos. Deitava-nos enfileirados, batia em nossas barrigas, bolinava-nos sem pudor, virava-nos, ouvia nossos pulmões com um instrumento cônico e depois ia conversar baixinho com os nossos pais. No outro dia estavam lá os lambedores, as pílulas amargas e adocicadas, as emulsões e os fortificantes. Provavelmente inócuos, mas que justificavam a visita. E na minha família, não sei se por falta de aproximação com os médicos, todos têm vida longa. Por isto estou sempre questionando a validade de tantas descobertas. Meu avô paterno morreu aos 86 anos porque caiu de uma escada mal colocada na parede. Ele queria subir ao teto da garagem para tirar goteiras. Meu pai completou 80 recentemente e tomou um susto quando descobriu que tem uma leve arritmia cardíaca. Diz que vai morrer disto. Mas o médico explicou que de arritmia não se morre. O que mata é a parada cardíaca. Seria capaz de desfilar nomes incontáveis de tios e tias longevos. E eu, com apenas cinqüenta... digo, pouco mais de cinqüenta, vai... na flor da idade, sendo obrigado a fazer exames incontáveis de seis em seis meses. Acho que perdi a linha de tradição da família, fui contaminado pelas lorotas do marketing da cidade e, o que é pior, nunca acredito que estou bem. A cada resultado negativo de exame eu saio com a leve sensação de que a máquina errou. Sinto falta das bolinagens de minha atenciosa e perfumada tia.

sexta-feira, março 10, 2006

É feliz quem vive no Piauí

Entre as várias atribuições do coordenador de comunicação do Governo do Estado do Piauí, Sílvio Leite, tem uma inédita: fazer o piauiense se apaixonar pelo Piauí. Sendo de outro Estado e, tendo se apaixonado por esta terra, onde tem negócios e prestígio, Silvio acha que falta auto-estima aos da terra. Brilhantemente contratou uma agência, mandou desenvolver uma capanha e fez divulgar tudo com pompa e rima: "Piauí. É feliz quem vive aqui" Depois veio uma pesquisa com a pergunta "você trocaria o Piauí por outro Estado?". Já se sabe que a imensa maioria respondeu NÃO. Ninguém questionou. Nem mesmo o fato de que para ter auto-estima o piauiense teve que desembolsar algum. Claro! A campanha foi toda feita com dinheiro público. É a lógica do capitalismo: diversão e lazer são coisas caras. No lançamento da campanha eu mesmo, como cearense de nascimento mas piauiense de coração, achei tudo uma maravilha. Depois, já em casa, comecei a me questionar por que não gostava tanto da minha terra como deveria. Afinal Fortaleza, no Ceará, é um paraíso para quase todo o Brasil. Eureka! Lá não tenho o emprego que tenho aqui no Piauí, Não tenho os amigos que tenho aqui, Não tenho o prestígio que tenho aqui e as oportunidades que tenho aqui. Aí me pesquisei: você trocaria o Piauí pelo fim do mundo se lá houvesse um grande emprego, com oportunidade de crescimento profissional? Claro que sim. A ciência da humanidade comprova: O homem se adapta ao meio. Vive para evoluir e a sobrevivência é o que determina as escolhas. Daí me atrevo a dar um conselho ao Silvio. Secretário reuna os políticos e diga a eles que a melhor forma de fazer o povo rir e gostar do lugar onde está é dando a ele oportunidade de trabalho, qualidade de vida. Aí a felicidade será duradoura e não passageira como os vts de trinta segundos e as meia-páginas de jornais.