quarta-feira, junho 28, 2006

FUTEBOL É COMO HORÓSCOPO

Volto antes do tempo. Prometi que só o faria após a Copa do Mundo. Mas volto para falar de futebol, coisa de que não entendo. Tampouco sou muito fã. Fui incentivado pelo blog do Marona. Ele largou tudo para analisar os jogos da Copa do Mundo.
Largou tudo?
E tem alguma outra coisa acontecendo?
Analisar futebol?
Melhor dizendo, o Marona está esmerando a opinião dele. Como achei interessantes algumas colocações resolvi tascar aqui também as minhas opiniões. Se bem que o Marona é gremista roxo e diz que entende e adora futebol. Eu, nem tanto.
Por exemplo, sou torcedor roxo do time que ganha. E quando quero saber qual time vai ganhar leio o meu horóscopo ou telefono para a Mãe Diná. Nunca erro. Nada melhor que confiar no imponderável para entender o que não tem lógica.
Se houvesse lógica no futebol talvez eu gostasse. Mas também não teria graça nenhuma. Já pensou o torcedor abrindo os jornais de manhã, ou a internet, ou a TV e, de posse das estatísticas e das análises, já tivesse a garantia do resultado? Ninguém ia aos estádios. A Copa do Mundo, então, não daria nenhuma chance ao lobby de escalar esse ou aquele Ronaldinho.
Dei-me ao trabalho de ler e ouvir ultimamente muitos comentários de “especialistas em futebol”. Ninguém concorda com o Parreira, salvo alguns de última hora depois dos bons resultados. Todos tiveram o cuidado de colocar na Seleção os seus jogadores preferidos. Mas esqueceram de tirar os do Parreira.
Se o Parreira pudesse fazer assim também, colocar o time com quinze jogadores em campo, acho que nunca ia haver discussão.
Mas a melhor opinião que ouvi mesmo foi a da Mãe Diná na Rádio Globo AM, sendo entrevistada em um programa de variedades, na terça-feira de manhã, antes do jogo Brasil X Gana. Vou tentar reproduzir o diálogo: - E aí, mãe Diná, o que que a senhora pode dizer do jogo de hoje para tranqüilizar a galera? - Meu filho você lembra que eu disse que o Ronaldo ia melhorar. Você viu como ele já fez um gol? - Sim Mãe Diná, mas ele vai fazer gol hoje? - Olhe, se ele melhorar mais, vai fazer sim. Mas pode não fazer, se estiver ligando para o que falam dele. - Mas a senhora acha que a Seleção vai em frente, ganha hoje? - Olhe, tem tudo para ganhar, se jogar do jeito que jogou contra o Japão. Mas tem que tomar cuidado com o pessoal de Gana, que corre muito, tem muita velocidade. Se não tomar cuidado, meu filho, pode perder o jogo.
Sou fã da Mãe Diná. Ela, sim, entende de futebol. E eu me identifico com ela. Porque mesmo sem entender muito, juro que pensava do mesmo jeito antes do jogo contra Gana. E vejam que ela acertou tudo: o Ronaldo num ta nem aí para os que falam dele. Melhorou e fez dois. O Brasil não jogou como no jogo contra o Japão mas tomou cuidado com a velocidade dos africanos. Não deu outra. Deu Brasil.
E, voltando ao Marona, posso garantir que ele entende menos de futebol que a mãe Diná. É só conferir no blogdomarona.blogspot.com

quarta-feira, junho 07, 2006

A BADERNA COMO ALERTA

Finalmente uma coisa interessante para ocupar o noticiário dos telejornais, além das bolhas no pé do jogador Ronaldo. E não se trata da bunda do Ronaldinho Gaúcho, que saiu ferida do treinamento de hoje pela manhã.
Fala-se aqui da invasão do prédio da Câmara dos Deputados. Uma beleza de vandalismo. Uma atitude das massas. Coisa bem planejada, arquitetada com inteligência, para ganhar espaço na mídia e jogar ao segundo plano o patriotismo despertado pela Copa do Mundo.
Quem quiser que reclame, que se ofenda. Que ache uma atitude anti-democrática, uma ofensa a uma instituição secular. Mas na verdade aquilo lá foi apenas um alerta. Um recado direto: quem quiser respeito que se faça respeitar.
E o alerta é tanto mais representativo quando se observa que o comando da baderna estava sob o planejamento de um dirigente petista, o bem nascido Bruno Maranhão que, sem precisar de terras, lidera uma das mais de setenta facções do MST. A dele é o Movimento de Libertação dos Sem Terra. Uma visão nova, portanto. Além da falta de terra esta facção acha também que não tem liberdade.
A maior qualidade de Bruno Maranhão, como líder do MLST e integrante da Executiva Nacional do PT, é ser amigo companheiro do presidente Lula. Tem trânsito livre no palácio do Governo. Tanto que venceu as dificuldade e se encontrou com o presidente em audiência oficial por duas vezes este ano. Aliás, na visita recente de Sua Excelência a Pernambuco lá estava o Bruno amigo em cima dos palanques. Foi um dos convidados especiais para compor a comitiva. Provavelmente um prêmio pela invasão que comandou em abril do ano passado ao Ministério da Fazenda.
Para justificar atitudes, Bruno Maranhão, em entrevista, disse que as pessoas têm que separar a sua condição de dirigente petista da condição de líder do MLST. Como se isto fosse possível. É o mesmo raciocínio que tiveram velhos amigos e companheiros do presidente Lula, como José Dirceu, Delúbio, Silvinho Pereira, Paulo Okamoto et caterva, quando flagrados em desacordo com a lei, a ética e a moral.
Lula, sem atentar os alertas, vai descartando amigos e companheiros um a um, na medida em que eles provam que nunca estiveram preparados para fazer parte da Corte. Não enxergou ainda que o problema não é dos despreparados que se aproveitam do poder do rei, mas de uma instituição que não o acompanhou na conquista do poder. O Partido dos Trabalhadores.

segunda-feira, junho 05, 2006

PATRIOTISMO OU ESPORTE SIMPLESMENTE

Tenho um péssimo gosto. Não gosto de futebol, por exemplo! Devo ser o único brasileiro macho a não apreciar o esporte bretão. Nem sei de onde tiraram este tal de bretão para apelidar o futebol: se da Grã-Bretanha (Inglaterra), ou se de Bretanha (França). Mas isto não importa muito.
O certo é que futebol não me empolga. Nem mesmo o da seleção brasileira. Sou impatriótico quando vejo milhares de brasileiros repetindo indevidamente o genial jornalista Nelson Rodrigues, de que a seleção de futebol é a “Pátria de Chuteiras”. Apaixonado por futebol, Nelson Rodrigues igualmente adorava o poder militar. Criou a frase para homenagear os milicos que mandavam no Brasil e escalavam também a seleção brasileira de futebol.
Tampouco sou católico, ou protestante. Porque dizem que futebol é uma religião. Estou mais para niilista.
Não ligo o mínimo se a seleção perde. Gosto quando ela ganha porque significa bom humor no dia seguinte no ambiente de trabalho, nas ruas e até, quem diria, nas repartições públicas. Aliás, no meu trabalho, ninguém notou ainda que sou vira-casaca. Meu time nunca perde. Sou cadeira cativa da turma que goza os perdedores após as rodadas de futebol.
E como tudo vai parar a partir desta semana, o blog também vai tirar uma folga. Voltarei só em caráter extraordinário caso a nossa “Pátria de Chuteiras” perca alguma batalha para os inimigos. Ou a guerra. O que seria péssimo para humor nacional, para a economia e para os políticos desportistas de última hora.