segunda-feira, julho 03, 2006

EU SOU UMA MÃE DINÁ

A Cris, amiga e leitora súdita, lembrou ontem a previsão que fiz aqui no blog em uma postagem do dia 11 de maio de 2006, uma quinta-feira. Quinta é o meu dia da semana, segundo meu horóscopo. Estou mais sensível e sensitivo. Naquele dia acordei com a malfadada visão e escrevi: “A SELEÇÃO BRASILEIRA VAI DECEPCIONAR NO MUNDIAL”. Sou, assim, uma espécie de Mãe Diná.
Mentira! Nada de visão. Nem de sonho. O título da postagem era PREVISÕES OBVIAS. Além da Seleção Brasileira falei de outras coisas que deveriam acontecer. E de onde eu tirei esta verdade?
Do óbvio, naturalmente. Perreira e toda a imprensa falavam que a Seleção Brasileira era a melhor, que mesmo com pouco treinamento a qualidade individual dos convocados seria capaz de superar os adversários. Um oba-oba geral e irrestrito. Eu simplesmente não acreditei.
Como não acreditei que as outras seleções classificadas para a Copa do Mundo estariam lá para reverenciar a Amarelinha, para pedir autógrafos às nossas celebridades.
Afirmo e confirmo: futebol não é o meu esporte preferido, não entendo nada de tática futebolística. Sou torcedor vira-casaca. Meu time é o que ganha a rodada do final de semana. Mas daí a acreditar que um time pode ser formado apenas pela força do ego vai uma distância enorme. Um time precisa de humildade e treinamento. E de um bom treinador, que se preocupe muito mais com o adversário.
Não entendo de futebo, Mas sei como se fabrica uma celebridade. Eu disse ce-le-bri-da-de. Craque não se fabrica. Estrela do futebol pode se tentar. Mas se não houver talento dificilmente vai continuar brilhando.
A Seleção Brasileira para mim, portanto, estava formada, na sua maioria, por celebridades. Jogadores que um dia na vida fizeram alguma coisa espetacular, foram escolhidos por uma grande e poderosa marca, daí tiveram assessoria especializada, empresário bem relacionado, um marketing a favor e as melhores vagas em Clubes Top. Fácil assim como um estalar de dedos.
Qualquer um pode ser celebridade. Estrelas só mesmo jogadores do nível de Pelé, Zico, Garrincha, Tostão, Ademir da Guia, Falcão, Maradona e, com licença do nome, ZIDANE. Apenas para citar alguns que se perpetuaram. Brilharão sempre.
Quer uma prova?
Depois da eliminação, qual torcedor respeitou a espetacular habilidade circense de Ronaldinho Gaúcho? Quem respeitou a artilharia de Ronaldo no Penta? E a patente de capitão do Cafu, e Roberto Carlos, e Cacá et caterva?
Poucos e generosos torcedores ficaram calados, sem opinião.
Celebridade serve pra isto também, para ser esquecida da noite para o dia. Celebridade não tem passado e só tem direito mesmo a holofotes enquanto for útil para provocar sonhos dos falsos bons exemplos.
Tudo bem, eu concordo que provavelmente são bons jogadores, que têm algum mérito. A questão que se discute, no entanto, é outra. É o tratamento de mídia que os tornou semi-deuses. E eles acreditaram nisto e se comportaram como tal.
Portanto era óbvio que não combinavam nada com a empáfia do Parreira, com a vaidade de quem nunca dá o braço a torcer. Sem falar que não treinaram nada, porque corriam o risco de se machucar. Um semi-deus machucado é prejuízo certo. Não para a equipe, que o substitui com tranqüilidade. Prejuízo para os patrocinadores.