terça-feira, abril 10, 2007

EU SOU UM ASNO BRILHANTE

"Suzane Morone disse... A sorte de possuir uma grande inteligência é que nunca vai te faltar asneiras para dizer”. Comentário sobre o texto deste blog: “REFLEXÃO PROFANA DA PÁSCOA”. Achei uma jóia. Aplaudi a frase depois de corrigir mentalmente a concordância. Assumi Orgulhoso e com grande modéstia a minha inteligência superior. E de quebra eu também acho que muito do que escrevo não passa de... como direi... tudo bem... Li o comentário da Suzane e fiquei com a sensação de que algum dia já havia pensado exatamente assim. Ou dito ou escrito algo semelhante. Corri para as minhas anotações. Nada! Revi algumas crônicas. Nada! Passei a Páscoa pensando na frase. Castigo por ter relinchado contra as trapalhadas da Igreja Católica, talvez. Hoje cedo Deus, na sua suprema bondade, mostrando-me que é feito de perdão para os que pecam contra o seu santíssimo nome, iluminou os caminhos da minha busca. Num estalo lembrei-me de um texto do fenomenal russo Anton Tchekhov: “O Orador” Heureca! É exatamente dele a frase que a Suzane usou para exaltar as minhas asneiras: “Que sorte possuir uma grande inteligência: nunca te faltam asneiras para dizer”. Anton falava de si, ensinando que para produzir um bom texto bastava ter inteligência, porque o que vale é saber trabalhar as palavras, coloca-las na vitrine com destreza. Não importando o resultado do que é dito. Anton Tchekhov foi O CARA na passagem do século XIX para o século XX. Ele morreu em 1906. Era médico. Ganhou notoriedade em 1880 como novelista e dramaturgo. Criou o Teatro de Arte de Moscou. Obras mais conhecidas no Brasil: “As três irmãs”, “Ivanov” e “O Tio Vania e a Cerejeira”.
A Suzane provavelmente usou o conhecimento acumulado em leituras e me fez o mais grato elogio. Sim, porque uma referência a Tchekhov é impagável. Basta lê-lo em qualquer fase de sua brilhante produção literária.

quarta-feira, abril 04, 2007

REFLEXÃO PROFANA DA PÁSCOA

Na transição de minha infância para a adolescência achei que poderia ser padre. Influência da família. Era uma época em que ter um padre ou uma freira na parentela gerava prestígio. Infelizmente, ou graças a Deus, a iniciação nos livros de filosofia desviou o meu caminho. Sabia a missa na ponta da língua. Os dizeres do celebrante e dos fiéis. Só nunca entendi por que Jesus mentiu para o bom ladrão. Para quem não sabe a Igreja Católica divide o larápio em duas categorias: o mau ladrão é arrogante. Crucificado ao lado de Jesus, o desafia a usar dos poderes para tira-los daquela situação. O bom ladrão é humilde e reconhece que pecou e achava uma injustiça ter ao seu lado o filho de Deus. E Jesus entrou na história mostrando que gostava de puxa-saco. Nem ligou para as lamúrias do mau ladrão. Mas para o bom ladrão deu a sua palavra divina: “em verdade eu te asseguro que estarás comigo hoje no reino dos céus”. E é aí que reside a minha eterna dúvida. Como poderia Jesus prometer semelhante benefício para "hoje"? Segundo as escrituras ele só subiu aos céus no terceiro dia, depois que ressuscitou. Imagino que o bom ladrão ficou esperando e, se não desistiu, deve ter sido recompensado. Também as minhas contas nunca fecharam nas celebrações da Semana Santa. Jesus ressuscitou no terceiro dia, certo? E o terceiro dia é o Sábado de Aleluia. Como assim? Sábado é só um dia depois da sexta-feira, dia da morte de Jesus. Creio que naqueles tempos ninguém sabia contar. Ou tudo não teria sido o resultado da praticidade ocidental? Vai ver que um desses sábios doutores da Igreja, tendo a certeza que a fé pode ser vendida mesmo com defeitos, não deu a menor importância a um dia a mais um dia a menos na história.
Não previu, certamente, que no futuro outros sábios inventariam o Código de Defesa do Consumidor.

segunda-feira, abril 02, 2007

A GRAVATA É MAIS BARATA

O rabino Henri Sobel, presidente do rabinato da Sociedade Israelita Paulista, pagou três mil dólares de fiança para ficar fora da cadeia. A acusação: roubar gravatas em lojas de grife em Palm Beach, Flórida. Desconfio que ele é um falso judeu. Uma gravata de grife custa em torno de duzentos a trezentos dólares. Em canto algum do mundo um judeu faria tão péssimo negócio. Jamais se arriscaria tomar um prejuízo de cerca de dois mil e setecentos dólares. A piadinha infame não é nada diante de outras reflexões que somos obrigados a fazer no exercício da profissão de jornalista. Diariamente dezenas de larápios são flagrados roubando em lojas e dificilmente ganham manchete em jornais. Por que Sobel mereceu? Simplesmente porque ele é o Henri Sobel, um judeu que nasceu em Portugal, foi criado nos Estados Unidos e há mais de trinta anos está no Brasil se metendo em todas as grandes causas como representante de um povo. Quando terminar a exposição na mídia, porque vai provar que a culpa é dos medicamentos que vem tomando para equilibrar a mente, bem que o rabino poderia abrir mais uma batalha em favor de centenas de brasileiros que estão presos por motivos semelhantes.
A lista de mulheres presas no Brasil, por exemplo, é imensa. Roubaram comida em supermercados, levadas pela emoção de ver os filhos passando fome. Sem direito a fiança foram condenadas a reclusão de dois a seis anos.