Em 1968, no vigor dos 16 anos, um anônimo entre centenas de estudantes que queriam mudar o Brasil, resolvi que queria ser jornalista. Em 69 bati à porta do Jornal do Piauí, onde fiquei como auxiliar de revisor. Em 70 já estava sugerindo notas e artigos. Lutei pela liberdade de expressão sentado no banco dos réus. Guardo uma lista imensa de coisas planejadas e algumas realizadas. Espero que esta nova incursão, manter um blog sempre atualizado, seja duradoura.
quinta-feira, maio 18, 2006
ABAIXO A BANDA LARGA. VIVA O SATÉLITE
Nada mais irritante e mais perigoso para o brasileiro que as providências de última hora. Logo após um grande evento, de boa ou má repercussão, aparecem as autoridades, os parlamentares e os “especialistas” pegando carona para resolver tudo.
É o caso lamentável do que ocorre em São Paulo. O Congresso se comoveu e está criando e votando leis de gaveta para combater o crime. Os governos estadual e federal trataram de arranjar culpados e analisar sociologicamente os fatos. Sobrou até para as operadoras de telefonia. “Ganham bilhões com a exploração dos serviços, portanto têm a obrigação de resolver o problema dos celulares das cadeias” – dizem os entendidos e peritos de última hora. Celular na mão de bandido encarcerado passou a ser uma falha tecnológica e não simplesmente o resultado da incompetência administrativa e da corrupção carcerária.
Há mais de três anos o Brasil acompanha ao vivo as grandes rebeliões em presídios. Em todas, indistintamente, o jornalismo ágil das TVs mostra os bandidos empoleirados no teto dos pavilhões de celas falando ao celular. Fechando negócios, prestando conta aos líderes e espalhando as notícias para outras unidades prisionais. Já ouvimos entrevista de bandido pelo celular para grandes redes de TV.
É como se o problema não existisse. Aliás, até a semana passada nem era problema. De repente alguém descobriu que o preso não deveria se comunicar tão facilmente com o mundo externo. Mas a idéia simples e barata de revistar celas e presos periodicamente, pelo menos após cada visita de familiares e advogados, não bateu na cabeça de ninguém. E se alguém lembrou logo argumentou que não daria resultado. Tem que haver uma grana rolando.
A solução é investir mais alguns milhões de reais para bloquear a freqüência usada por celulares, em todas as tecnologias disponíveis, nas áreas dos presídios. Assim vai ter lucro. Grana é a mola e o lucro motores que fazem o mundo funcionar.
Tudo bem, vamos fazer rolar uma grana. Mas nunca é demais informar: além das freqüências de 800MHz, 900MHz e 1800MHz já está disponível no mercado a telefonia móvel via satélite. Tecnologia um pouco mais cara, mas acessível a qualquer bandidinho minimamente organizado.
Antes que alguém se alegre e pense em ir mais à frente, rolando mais grana para bloquear os satélites, é melhor pensar que também pode dar lucro investindo na construção de novas vagas nos presídios. No treinamento dos agentes penitenciários, no controle contra a corrupção.
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Que tal oficializar logo liberdade total para os bandidos e prisão para nós outros cidadão comuns que pagamos impostos? Sairia mais barato porque mais da metade das pessoas que eu conheço já vive em regime de semiprisão nos condomínios vigiados 24 horas.
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