“Bom dia a todos e a todas”. A saudação corriqueira inventada pelo governador do Piauí, Wellington Dias, é marca registrada. Deveria ser usada, portanto, somente por ele. Governador é como um pop star, escritor ou poeta renomado. Pode se dar ao luxo de criar expressões, moda e neologismos. Se bem que no caso de governadores uma invenção duvidosa poderia muito bem vir protegida por um decreto proibindo a usurpação.
O governador Wellington não tomou cuidado e o seu gracejo vernacular virou moda. Naturalmente entre seus auxiliares mais diretos. Eu achava que era só um hábito para agradar. Digamos... um esforço de puxa-saquismo. Mas que nada! A Coisa é muito mais perigosa. Está contaminando os auxiliares mais distantes.
Hoje mesmo tem uma mensagem para o e-mail de muitos jornalistas, mandada pela assessora de imprensa do DETRAN, desejando a “todos e a todas um carnaval de paz e tranqüilidade”. Todas, quem, cara pálida?
Jornalista que confunde o ofício com a oportunidade agradar não devia escrever. Principalmente quando não sabe o que é um pronome indefinido. “Bom dia a todos” (os presentes), "Desejo a todos" (os colegas, ou jornalistas) já está contemplando homens, mulheres, gays, lésbicas, simpatizantes e crianças. O acréscimo do “todas”, modinha governamental, não passa de gracejo, exagero verbal, incorreção que enche o saco de ouvintes e leitores mais atentos, compromissados com o bem falar.
Quisesse a assessora de imprensa do DETRAN desejar um bom carnaval a jornalistas, individualmente, por sexo, que o fizesse com auxílio de artigos definidos que existem para isto: “desejo aos jornalistas e às jornalistas um carnaval... etc. etc”.
Ser jornalista não é a mesma coisa que governar um Estado. É bom e recomendado que o jornalista persiga o correto para acertar sempre. Para o governante um erro a mais ou a menos não faz diferença. O marketing encobre.
Em 1968, no vigor dos 16 anos, um anônimo entre centenas de estudantes que queriam mudar o Brasil, resolvi que queria ser jornalista. Em 69 bati à porta do Jornal do Piauí, onde fiquei como auxiliar de revisor. Em 70 já estava sugerindo notas e artigos. Lutei pela liberdade de expressão sentado no banco dos réus. Guardo uma lista imensa de coisas planejadas e algumas realizadas. Espero que esta nova incursão, manter um blog sempre atualizado, seja duradoura.
Nada mais político do que este cumprimento: Pretende agradar demais e acaba desagradando; fala mais, mas não diz nada que faça diferença; Afronta algo (no caso a pobre da língua que não revidará) e ganha o seu espaço na mídia. Em suma, foi politicamente perfeito.
ResponderExcluirPara que esta agressão ao nosso governador que apenas quer ser simpático? E você se acha o rei da cocada preta em língua portuguesa sso porque escreve bem e sabe pegara qualquer mote para fazer um texto? Quem esta ligando pra isso jornalista? Eu preferia ver um texto teu falando dos problemas brasileiros com a bolívia, com o paraguai etc... etc...
ResponderExcluirCaro jornalista devo esclarecer que esta não é uma moda inventada pelo governador do Piauí. É regra no PT do Piauí que já discutiu o tema e decidiu que falar bom dia a todos estava cumprimentando só os do sexo masxulino. Aí veio a obrigatoriedade de cumprimentar as mulheres também... Eu acho porque ninguém do PT que eu conheço deixa de sacanear com a gente com esse tal todos e todas. Parabens por ter tocado no assunto.
ResponderExcluirCavalcante, você mais uma vez foi 10. Grande frescura essa dos petistas, de fazer média, sempre achando que todos (e, principalmente todas) são imbecis.
ResponderExcluirPara quem agrada aos ricos, com juros magnifícios, capazes de dar ao Bradesco 5,9 bilhões de reias de lucro em 2006; e ajeita o pobre com 100 contos, ampliando aquela bolsa-esmola que FHC criou, essa estripolia vernacular é café pequeno. Cê não acha?