Não discuto com ninguém a seriedade com que lido com a minha profissão de jornalista. Não admito contestação de que sou sério, compromissado com a busca da verdade e dedicado a bem informar. Os meus defeitos são pouco aparentes. O maior deles é detestar fofocas. A despeito de, por amor à minha profissão, ler revistas como Caras, People, National Enquirer e outras que fazem da vida alheia a bolo editorial de cada edição. E igualmente em defesa de ficar bem informado também vejo programas de fofoca na TV.
Até ontem eu negava ou escondia este meu lado, digamos assim, voyeur de ser. Eu disse até ontem. Hoje continuo detestando fofoca, principalmente se envolve amigos meus, mas encontrei uma base científica sólida para esta necessidade de querer se informar. Dei de cara com uma publicação espetacular, do inglês Robin Dunbar, que garante, entre outras coisas, que a evolução da espécie depende fundamentalmente da fofoca.
Tudo bem, talvez nem seja bem isto que o Dunbar quis dizer, mas que o ensaio dele é uma delícia para explicar o voyeurismo, lá isto, é com certeza.
O Título em inglês: "Grooming, Gossip and the Evolution of Language". De cara você vê logo que tem realmente alguma coisa com evolução. Como o meu inglês não passa de alguns vocábulos e técnicas instrumentais, traduzi secamente: para “Asseio corporal, fofoca e a evolução da fala”. Mas corri atrás da obra em outras línguas, apostando que a encontraria em português. Não a encontrei.
Mas viva a santa internet. Há um longo artigo em alemão, discutindo as afirmações do professor Dunbar. Ele contesta de certa forma os estudos de antropólogos e lingüistas que creditam a invenção e a evolução da fala à necessidade do homem em desenvolver a caça de maneira mais eficiente.
Dunbar garante que os nossos ancestrais desenvolveram a fala simplesmente para fofocar, para se divertir. E tudo começou na necessidade do asseio. Os grupos se reuniam para catar piolho uns nos outros e a tarefa era um tanto monótona. Vai um grunido daqui, outro dali, que foi logo se traduzindo em comando ou comentário. Daí para o tête-à-tête foi um pulo. E o fuxico e o mexerico garantiram alegria e qualidade de vida aos símios nossos tetratataravós.
Bem mas isto é uma conclusão minha, para encurtar a conversa longa e professoral da discussão sobre as descobertas do Robin Dunbar.
Não sei por que na escola a gente não aprende logo a coisa assim direta, sem muita tese e antítese. Vai-se atrás de tanto conhecimento, em um monte de livros, e joga-se fora o mais natural do dia-a-dia, que é o tempo para fofocar.
Agora mesmo os cientistas do mundo todo estão gastando neurônios para provar que a terra está em perigo, por causa do aquecimento global. Talvez seja tempo ainda do homem voltar aos tempos do asseio solidário, piolho a piolho, ti-ti-ti a conversa fora, para se divertir. Falar do rabo do outro, desacelerar a ganância, porque fofoca é qualidade de vida. Virgílio, com a sua “Eneida”, e “Otelo”, de Shakespeare já tinham feito o alerta.
Em 1968, no vigor dos 16 anos, um anônimo entre centenas de estudantes que queriam mudar o Brasil, resolvi que queria ser jornalista. Em 69 bati à porta do Jornal do Piauí, onde fiquei como auxiliar de revisor. Em 70 já estava sugerindo notas e artigos. Lutei pela liberdade de expressão sentado no banco dos réus. Guardo uma lista imensa de coisas planejadas e algumas realizadas. Espero que esta nova incursão, manter um blog sempre atualizado, seja duradoura.
Mestre, o seu artigo ta otimo.Eu estava sentindo falta dos seus comentarios...De quem admira seu trabalho
ResponderExcluirEita camarada Cavalcante. Demorou mas voltou com tudo hein? Eu já sabia que você era chegado a uma fofoca e a descoberta desse pensador inglês explica mesmo por que todos nós gostamos da vida alheia. Só mesmo você, com essa mania de esmiunçar publicações para descobrir tais coisas. Quer saber mais sobre fofoca? Vou te mandar um tratado.
ResponderExcluirPor essas e outras, e para me manter sempre "limpo", que toda tarde eu assisto o programa da Sônia Abrão.... hahahahahaha
ResponderExcluirAbraços
Cruz credo meu irmão. E eu que pensava que tu só lia grandes autores e só via na tv o Jornal Nacional. Soltou a franca e confessou a fraqueza, nè?
ResponderExcluirFofoca e futilidade muita vez andam juntas. Teu post influenciou o que acabei de colocar no blog.
ResponderExcluirPS. Não suma por tanto tempo, mestre.
Eu também leio os seus artigos (e gosto muito), mas o que eu acho chato nesse seu blog, é que esses seus amigos são só babação. Meu-Deus-do-céu precisa tudo isso? Haja babador!!!
ResponderExcluirE vc sabe quem eu sou, só não vou me identificar para não parecer antipática com o pessoal aí. Se bem que, de qualquer forma, eu serei mesmo antipatizada por eles.
Bom, mas confio em você. Não precisa dizer quem é, tá?
E só para provocar você, um cheiro!!
Valeu anonimo, acertou em cheio!Antipatizei com vc !
ResponderExcluirO pior de ver neste blog são os comentários de uns tais anônimos dizendo besteira sobre os teus textos. Porque não assinam o que dizem gostando ou não do que tu escreve? Tem nego que até diz coisa interessando mas parece que não quer assinar.
ResponderExcluirTá valendo o artigo! Na esquina da minha casa tem um monte de macacos que passam a madrugada trocando afagos e consequentemente fofocas...
ResponderExcluiraffffffff!!!!!!!!
morro e não vejo nem a metade do que anceio ver!
OLÁ PRIMINHO,GOSTEI DE TUDO QUE ESCREVEU,PRINCIPALMENTE SOBRE FOFOCAS KKKKKKKK...,POIS ADORO FOFOCAR,E QUEM Ñ GOSTA?
ResponderExcluirBEIJOS!!!