segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Jefferson é "O Cara"

     Tivesse eu, hoje, oito ou nove anos, e alguém me perguntasse o que queria ser quando crescesse, responderia com toda a alegria: queria ser o Roberto Jefferson.
     Sim, esse mesmo que foi preso neste 24 de fevereiro de 2014, condenado no bojo do processo que julgou os envolvidos no mensalão do Lula. Fiquei fã do cara.
     Acompanhei desde a denúncia, passando pela queda de ministros até a condenação de cada um. Jefferson, dentre todos os condenados, foi o único que teve dignidade. Confessou publicamente em que e para que se envolveu com os mensaleiros, disse quanto recebeu e não fez xixi nas fraldas quando foi chamado a prestar contas.
     Desde a condenação até a notícia de que seria preso, manteve-se sereno e esperou resignado pelo carro da PF para conduzi-lo ao presídio. Não driblou os jornalistas nem a opinião pública: “eu estou preso, fui condenado, não tenho o que esconder” – respondeu altivo a um jornalista que perguntou por que, como os demais condenados, não usou um carro particular e se deixou ser conduzido por policiais no carro da PF.
    Naturalmente alguém vai querer saber de mim se vale à pena ser o Jefferson, que confessou ter recebido quatro milhões de reais como beneficiário do Valerioduto, mas foi condenado a quase oito anos.
         Pergunto: ele vai ficar todo esse tempo encarcerado? 

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

É UMA PRAGA O UAI DE ZAP

M.  Eduarda em foto antiga, quando ainda gostava de bonecas
Maria  Eduarda, minha filha de quatro anos e meio, fez-me  um pedido embaraçoso: “papai compra para mim um celular com uai de zap...” . Fiz cara de entendido e perguntei para que ela queria tal mimo.   Ora papai – disse-me ela, “quanto tu estiver lá longe de casa eu falo contigo toda hora”. Fiz novamente cara de entendido e saí pela velha tangente:  “vou falar com a mamãe”.
Repare que eu não perguntei  para que servia, mas para que “queria tal mimo”.  Não quis dar  o  braço a torcer  mas não sabia, até então, o que vinha a ser esse tal de uai de zap,  apesar de estar farto de ouvir falar na conversa dos mais jovens: “manda pelo uai de zap”... “vamos nos  encontrar  no uai de zap mais tarde” ...  Daí que pergunta daqui, indaga dali, se fazendo  de besta algumas vezes, descobri   o que vem a ser o troço. (O Google também não sabe o que é uai de zap, juro)
E sabendo o que é essa praga, ou seja lá que nome a coisa tenha - porque há   gente que também pronuncia uait sapi,   compreendi uma cena que me incomoda tanto nos últimos tempos: famílias inteiras, em mesas de restaurantes e pizzarias, ”reunidas”   em torno do celular  individualmente - se é que isto seja possível.
Sério. Já notou esse fato comum ou você também se reúne com os seus individualmente?  A última vez que vi a cena foi no domingo que passou. Nada menos que seis pessoas de uma mesma família sentadas à mesa, cada uma curvada  feito uma interrogação sobre o minúsculo teclado  do celular.  Havia uma sétima pessoa, mas não contava: uma simpática senhora com presumíveis oitenta anos, que ou  não tinha celular, é desinformada que nem eu, ou é cega...  Ou muda.  O certo é que ela estava com  o olhar perdido no tempo, caladinha, sem ter a mínima atenção da parentela em volta.
Depois caiu a ficha. Estavam ali para comemorar o aniversário de velhinha. Saiu um bolo no final do almoço, cortesia da casa.

E daí?  Dai que volto ao pedido da Maria Eduarda. Vou falar com a mamãe, sim, mas fechar um acordo. Nada de levar o brinquedinho para as nossas incursões gastronômicas. 

domingo, fevereiro 09, 2014

A IMAGEM E O VERBO

Nunca concordei com a máxima de que "UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS". Achava que a frase fora inventada por um fotógrafo esperto, para ganhar algum a mais.
Ontem, curioso, recorri ao Google para saber se havia registro do autor. Pois lá esta dito que ela é fruto da filosofia  do badalado chinês Confúcio.
Reforço então a minha crença de que nada, absolutamente nada, substitui o verbo. Uma só palavra, pronunciada no tom correto, é capaz de substituir e fazer desacreditar todas as imagens. Ainda mais agora na era do fotoshop.

domingo, fevereiro 02, 2014

Amor de coleira

Vivo eternamente desconfiado dos que dizem amar os animais. Desses amantes que colocam coleira de propriedade nos bichos e os privam do essencial na vida: a liberdade.

sábado, setembro 01, 2007

O DOPS TINHA RAZÃO

No auge da Ditadura Militar no Brasil, após 1964 e até final dos anos setenta, a piadinha que fazia sucesso entre os estudantes de esquerda dava conta de que o DOPS, a toda poderosa polícia política da ditadura, pagava mil cruzeiros a quem delatasse um comunista subversivo. 
Daí um metido a esperto chegou lá e perguntou: quer dizer que se eu entregar trinta comunistas vou ganhar trinta mil cruzeiros? - No que responde o agente do DOPS: quem conhece trinta comunistas vai é preso, porque é do ramo.
É uma piadinha antiga, que saiu de moda, mas que pode servir para uma boa reflexão. Lembrem-se que o presidente Lula teve agora quarenta bons companheiros, amigos, entre os quais ex-nomeados para ministérios da República indiciados por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, peculato e outros crimes. 
Será que não é do ramo?

quarta-feira, agosto 29, 2007

UM ESTADO GIGOLÔ DAS ABELHAS

A caixa de entrada do meu correio eletrônico inundou de protestos. ofensas e poucas, raríssimas palavras de concordância ao texto anterior deste blog “O TOLO ZOTOLLO E A PAPALVICE PIAUIENSE”. Como Zotollo, reconheço que não agradei. Feri de morte a alma cívica piauiense. Atrevi-me “...a baixar a já comprometida auto-estima de nosso povo” – como acentuou o leitor Marcelo Nogueira. Entre tantos descontentes, há os que sugerem que recebi dinheiro da Phillips, que eu tenho que ir embora do Estado, que eu concordo com os que esculhambam nossa terra porque quero aparecer e que estou “acoloiado com a direita e com as elites”. Esclareço que tenho um certo prazer em pensar, em não ser o coletivo. Portanto não sou “acoloiado” com as elites, mas conluiado com a minha consciência. Admito que as elites também pensam. E quando não estão gastando dinheiro podem eventualmente dizer alguma bobagem. Assumo que não recusaria um belo cachê da Phillips. Vivo praticamente do que escrevo. Um extra não iria fazer mal algum. O interessante, em quase todos os protestos, é a alegação da auto-estima que eu tentei atingir. Já disse aqui neste blog que prefiro o exercício da cidadania à auto-estima. Sendo cidadão pode-se cobrar tudo o que é devido. Com falsa auto-estima há o risco de achar que está tudo lindo e maravilhoso. Corre-se o risco de gostar do Piauí do jeito que ele está, de concordar com mazelas porque o que vale é “amar aquilo que somos e como somos” Isto é ser contra a evolução, contra o aperfeiçoamento. Auto-estima para mim não faz parte de treinamento. Não se adquire com campanhas de marketing. Auto-estima é decorrência de conquistas individuais. Ninguém conseguirá, em tempo algum, tirar a auto-estima de vencedores. Perdedores é que lidam apenas com a confiança da próxima vez. É bem aquela velha sabedoria popular de que “rico ri à toa e pobre vive de esperança”. Não falo mal do Piauí. As minhas posições são claramente críticas ao falso civismo, à hipocrisia e de certa forma me aproveito de todo o bom humor piauiense com a própria desgraça. Sinceramente não vejo nenhuma ofensa aos piauienses achar que o Piauí não tem tanta importância assim no cenário nacional. Tanto não tem que o governador Wellington Dias, na sua resposta de desagravo ao senhor Zottolo, não encontrou tantos argumentos. Limitou-se a dizer que o Estado é um grande produtor de mel, que tem belezas naturais e potencial turístico. Foi mais óbvio que o desastrado Zottolo. Qual é o lugar desse Brasil tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, que não tem belezas naturais? E se a nossa importância econômica se sustenta no mel, cuja produção depende da exploração do trabalho árduo das abelhas, estamos irremediavelmente perdidos. Queira Deus que haja florada todo ano. E que não surja nenhum abelhão barbudo para mobilizar as abelhinhas numa greve reivindicatória por um basta à exploração. Respeito a opinião dos descontentes. E aceito todos os argumentos contra o que escrevi. Só lamento que a tenham expressado através de e-mail. Neste blog há um espaço democrático para comentários e críticas, sem nenhum controle ou censura de minha parte.

quarta-feira, agosto 22, 2007

O TOLO ZOTTOLO E A PAPALVICE PIAUIENSE

Há tempos venho catalogando alguns fatos notáveis que reunirei em um livro, cujo título - FEBEAPI, foi pensado há mais de trinta anos. É inspirado, claro, no FEBEAPA, do genial Sérgio Porto, ou Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo usado por ele para assinar a obra. No FEBEAPA Stanislaw mostrou o Festival de Besteira que Assolou o País durante o regime militar. No FEBEAPI mostrarei o Festival de Besteira que Assola o Piauí nos tempos modernos. Faltava-me, para completar a obra, uma besteira que fosse mais besteirol entre todas as besteiradas produzidas pela nossa inocente mente provinciana. Felizmente ela veio agora, após a declaração do deselegante presidente da Philips, o senhor Paulo Zottolo, de que “...se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado”. Particularmente acho que Zottolo tem capacidade para produzir frase mais elaborada. Poderia ter fugido do óbvio. E talvez tenha sido o óbvio o causador da ira dos vaidosos piauienses, das organizações ligadas a partidos políticos e dos aproveitadores de última hora. Estes, na falta do que fazer e de como justificar a inércia, passaram a repercutir a palva declaração do presidente da Philips. Alguns chegaram ao cúmulo de sugerir pedido de indenização, boicote aos produtos representados por ele e outras macaqueadas. Não conheço nenhum piauiense, os que realmente se preocupam e conhecem o potencial do Estado, que tenha se incomodado com a tentativa de ser engraçado do senhor Zottolo. Primeiro porque sabem que o Piauí é alvo natural de muitas piadinhas. Segundo porque têm consciência que isto decorre exatamente da capacidade de alguns conterrâneos produzirem fatos negativos que rapidamente caem no anedotário nacional. Antigamente os nativos tinham bom humor. A Câmara Municipal de Teresina, por exemplo, deu um título de cidadão ao compositor-humorista e cantor Juca Chaves no auge de sua carreira, quando ele produziu a mais bela página musical do cancioneiro nacional, um versinho safado que dizia: “Piauí, Piauí. Se o mundo tivesse um fiofó, o fiofó seria aqui” Ninguém se incomodou em ser o fiofó do mundo. Juca Chaves andava por Teresina distribuindo gracejos, freqüentando altas rodas e traçando algumas moçoilas da chamada “alta sociedade”. Taí o ex-vereador Dubá Leitão que não me deixa mentir. Mas voltando ao FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLA O PIAUÍ, a melhor tolice, repito, o fato que vai para o meu livro FEBEAPI, é a reação provinciana dos oportunistas. A Phillips, a quinta maior corporação do mundo, a maior indústria de equipamentos hospitalares e a primeira em eletroeletrônicos e utilidades domésticas, cujo investimento em programas sociais na América Latina deve somar dez vezes o PIB de nosso estado, deve estar tremendo na base com o boicote dos piauienses. Todo o episódio poderia ter se resumido na reação oficial do governador e no pedido de desculpas formal e inciso do infeliz presidente da Phillips. Mas isto seria exigir demais de um Estado que já tem uma grande história e experiência em produzir ganchos para as piadinhas de mau gosto. Mau gosto para os nativos, porque para outras tribos vai continuar sendo o fino do humor nacional.