M. Eduarda em foto antiga, quando ainda gostava de bonecas |
Maria Eduarda, minha
filha de quatro anos e meio, fez-me um
pedido embaraçoso: “papai compra para mim um celular com uai de zap...” . Fiz cara de entendido e perguntei para que ela queria tal mimo. Ora papai – disse-me ela, “quanto tu estiver
lá longe de casa eu falo contigo toda hora”. Fiz novamente cara de entendido e
saí pela velha tangente: “vou falar com
a mamãe”.
Repare que eu não perguntei para que servia, mas para que “queria tal
mimo”. Não quis dar o
braço a torcer mas não sabia, até
então, o que vinha a ser esse tal de uai
de zap, apesar de estar farto de ouvir falar na conversa dos mais jovens:
“manda pelo uai de zap”... “vamos
nos encontrar no uai
de zap mais tarde” ... Daí que
pergunta daqui, indaga dali, se fazendo
de besta algumas vezes, descobri
o que vem a ser o troço. (O
Google também não sabe o que é uai de
zap, juro)
E sabendo o que é essa praga,
ou seja lá que nome a coisa tenha -
porque há gente que também pronuncia uait sapi, compreendi uma cena que me incomoda tanto
nos últimos tempos: famílias inteiras, em mesas de restaurantes e pizzarias,
”reunidas” em torno do celular individualmente - se é que isto seja
possível.
Sério. Já notou esse fato comum ou você também se reúne com
os seus individualmente? A última vez
que vi a cena foi no domingo que passou. Nada menos que seis pessoas de uma
mesma família sentadas à mesa, cada uma curvada
feito uma interrogação sobre o minúsculo teclado do celular.
Havia uma sétima pessoa, mas não contava: uma simpática senhora com
presumíveis oitenta anos, que ou não
tinha celular, é desinformada que nem eu, ou é cega... Ou muda.
O certo é que ela estava com o
olhar perdido no tempo, caladinha, sem ter a mínima atenção da parentela em
volta.
Depois caiu a ficha. Estavam ali para comemorar o
aniversário de velhinha. Saiu um bolo no final do almoço, cortesia da casa.
E daí? Dai que volto
ao pedido da Maria Eduarda. Vou falar com a mamãe, sim, mas fechar um acordo.
Nada de levar o brinquedinho para as nossas incursões gastronômicas.
Meu bem, é facil explicar. Isso se chama conflito de gerações, você é da geracão "Baby boomers" e a Mary Du da geração "Z". Ou seja, você é do tempo da máquina de escrever e a Du já nasceu com um chip, uandtendi?!!!.
ResponderExcluirCamarada Cavalcante a M. Eduarda é tua filha ou neta? Fala sério homem e dá o mimo que ela pediu. Genética é fodástica, como dizíamos no nosso tempo. Que já se foi diga-se de passagem.
ResponderExcluirSe o senhor fose jornalista devia saber a muito tempo o que é WhatsApp. E o pior de tudo é confeçar que uma criancinha sabe muito mais. Eu tenho 16 anos e uso WhatsApp faz anos.
ResponderExcluirRealmente você é um usuário "confeçado" do WhatsApp.
ExcluirDuas coisas: primeiro agradecer a vc pelo retorno do blog. Sou fã do seu texto e da sua inteligência incomum, embora suspeito para falar, devido à grande amizade que nos une.
ResponderExcluirSegundo: esse negócio de ficar cada em bares, restaurantes, consultórios médicos, fila de supermercado, etc, de olho no celular, mania perturbadora que a mim também incomoda sinceramente, traduz nas entrelinhas o desvalor que se dá às pessoas presentes àquela ocasião. Já vi casais de namorados assim também, que antes se acochavam enquanto não chegava a pizza, ou se beijava entre uma cervejinha ou outra. Negócio de louco.
Texto oportuno; bastante oportuno.
Bom demais a sua participação aqui, amigo.
ExcluirMeu querido Marcus, a Maria Eduarda, aliás, essas crianças de hoje só faltam nascer com chip... São muito inteligentes e antenadas com a tecnologia. Mas, voltando ao foco sobre essas novas ferramentas tecnológicas. Eu também venho observando o distanciamento que estas causam nas pessoas mesmo quando estão bem próximas. É lamentável estar em um ambiente onde deveria haver interação entre as pessoas presentes, e estas se comunicam mais com quem está do outro lado da linha - poderia ser cômico, se não fosse trágico. Enfim, é a vida e suas mudanças. No entanto, há pessoas que ainda prestigiam um bom bate-papo "ao vivo", com conversas divertidas e interessantes, o olho no olho, o contato mais direto... Essa ainda é a minha opção de rede social.
ResponderExcluirAbraços meu querido, e dê um grande beijo na Maria Eduarda.
Muito Bom !
ResponderExcluir<< Manoel Neto da Costa >>
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