segunda-feira, abril 17, 2006

A MARCHA DA CAPITULAÇÃO

Para atender o conselho do amigo William Tito ____________________________________________ Tenho uma amiga que me acha racional demais. E justifica o seu achismo dizendo que é porque eu não sei rezar. É verdade, em parte. Eu preferia aos jogos infantis às aulas de catecismo. Mas tive tempo de aprender, com tia Palmira, uma solteirona da ordem religiosa Filhas de Maria, a oração que o Pai nos ensinou. O problema é que nunca consigo ser inteiramente feliz e sincero quando vou rezar. A sensação e de estar enganando ao Santo. Mas confesso: tenho uma certa inveja de quem faz tudo por devoção, principalmente naqueles momentos mais desesperadores em que a fé costuma ser linimento. E por que estou pensando nisto agora? Recentemente vi, pela tv, uma multidão de vinte mil pessoas, de vela acesa, na Argentina, em frente ao prédio da Suprema Corte, exigindo uma tomada de posição contra a violência. A imagem, para mim, representou uma declaração de guerra às autoridades constituídas assinada pelo povo. No Brasil, o país da fé, acredita-se muito mais em orações e caminhadas pela paz do que efetivas cobranças. Parece-me sempre uma rendição quando vejo os pretensos líderes comunitários inventando as tais caminhadas, com a massa vestida de branco, portando bandeiras que desonram a pomba de Picasso. E quando essas imensas caminhadas da capitulação ganham bons espaços na mídia – e via de regra sempre ganham, devem se transformar nos melhores programas de humor para a bandidagem. Lembro que dia desses, enquanto o secretário de Segurança do Estado dava uma entrevista ao vivo na TV, garantindo que a violência havia diminuído nos últimos três meses, e mostrava números, um assalto a uma agência bancária estava acontecendo bem real, diga-se de passagem. E se mortes e feridos não houve é porque nós, os cidadãos comuns, já aprendemos a nos comportar direitinho, como aconselham os especialistas: baixar a cabeça e dizer SIM SENHOR para o bandido. Ou será que naquele momento alguém tinha reza forte e muita fé? Pois foi atendido no pedido para a polícia não atrapalhar. *Escrita em 07/2005

2 comentários:

  1. Anônimo2:54 PM

    Apesar de achar q vc deveria rezar mais,rsrs, tava com saudades desse teu texto...bjs!

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  2. Anônimo5:35 PM

    Meu "fio". Lembro da entrevista do Robert Rios e eu estava na agencia do BB na zona leste vendo o "home" falar quando recebi ordem de deitar no chão. Foi muita adrenalina e realmente o que salvou nós foi a reza de duas velhinhas. Valeu a lembrança

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