Em 1968, no vigor dos 16 anos, um anônimo entre centenas de estudantes que queriam mudar o Brasil, resolvi que queria ser jornalista. Em 69 bati à porta do Jornal do Piauí, onde fiquei como auxiliar de revisor. Em 70 já estava sugerindo notas e artigos. Lutei pela liberdade de expressão sentado no banco dos réus. Guardo uma lista imensa de coisas planejadas e algumas realizadas. Espero que esta nova incursão, manter um blog sempre atualizado, seja duradoura.
terça-feira, outubro 24, 2006
UM OLHAR SOBRE TERESINA
Coisa boa é ser dono do nariz. Trabalha-se no dia que quer, acorda-se na hora que o organismo liberar. O ruim é a falta do que fazer nas horas seguintes. Se bem que livros podem muito bem eliminar o vazio entre o acordar e a hora do almoço.
Esta foi a minha experiência das últimas duas semanas, na folga que me permiti para recuperação do voto. Ou melhor, das eleições.
E nesta folga, como não podia ir muito longe, passei uma semana andando – de carro que é menos cansativo, por Teresina. Fiz um reencontro com os tempos de repórter, quando me gabava de conhecer a cidade de ponta a ponta. Me perdi. Impressionante como a cidade cresceu em todas as direções.
Tentei fechar os olhos para o feio. Ver apenas o belo, com o espírito poético. Juro que não consegui. Claro que a cidade é bonita, não há negar. O feio fica por conta da falta de sensibilidade do poder público, juntada aos interesses eleitoreiros e às desculpas de não se querer criar problemas sociais.
Veja-se, por exemplo, a situação da margem do rio Parnaíba, em toda a extensão da avenida Maranhão. Por mais que a se plantem árvores e planejem urbanização há sempre um desempregado reivindicando a sombra para trabalhar como autônomo. A avenida é hoje um imenso lavatório de carros.
Os lavadores, depois que conseguem ligar energia elétrica para as improvisadas máquinas, escolhem também a decoração da área ocupada. Existem lá tendas de palha, de molambo, de restos de propaganda eleitoral, de latas, de zinco ou plástico. O estilo é marmota, uma grande criação popular.
Tudo bem que amanhã ou depois o poder público, se tiver coragem, pode dar um basta na farra. Só não vai poder, com tanta facilidade, é acabar com o monstrengo do elevado do metrô de Teresina, onde estão enterrados alguns milhões de reais.
Aquilo, sim, é um atentado ao bom senso, à ecologia. É ainda mais nefasto porque é um monumento ao desperdício do dinheiro público. É um prêmio ao político desonesto. Arrisco dizer que nunca será concluído, que nunca haverá trens para utilizar o monstrengo.
Mas enquanto houver próxima eleição e Alberto Silva para defender aquela irresponsabilidade, estaremos todos aplaudindo.
Todos, vírgula! Eu estou fora. E a partir de hoje inicio as orações por uma santa que resolva o problema de uma vez por todas, A Santa TNT.
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Salve, Salve Cavalcante, Que bom que você voltou a escrever e essa do "estilo marmota" é supimpa. De onde você arranja essas tiradas? Um abraço
ResponderExcluirAdorei o "estilo-marmota". Na última vez que estive aí, no final do ano passado, também vi os "lava-rápidos" da avenida Maranhão. E como são disputados né? Mas aquilo é mesmo um absurdo! Quanto ao utópico metrô de Teresina, sem comentários. Só mesmo a sandice esclerosada do Alberto Silva para produzir tal aberração.
ResponderExcluirUm abraço e não demore tanto a atualizar o blog. Eu, particularmente, senti falta de novos textos aqui.
Marcos, coragem tem vc, ao mexer com o bom e velho "Rato da Ilha". Lembra do apelido? Mas, falando na Teresina que cresceu, dou aqui meu depoimento de que isso é verdade. De uma forma desordenada, em função das invasões, é verdade, o que obriga a Prefeitura se desdobrar em 1.000 para resolver tantos e novos transtornos, como a estruturação adequada dos novos bairros, ou vilas. Acabo de fazer périplo semelhante, embora não tenha sido a passeio, nem de carro: foi a trabalho, fotografando 140 escolas municipais, na garupa duma mototáxi, pois não conheço mais nossa Cidade Verde. Naquela área da Sta Ma. da Codipi é doideira; da Alegria, idem; o mesmo com a Piçarreira, Satélite, Planalto Uruguai; a Santana, então... Daqui uns 50 anos poderemos ter uma cidade atendida nas suas necessidades, quem sabe? Mas, beleza mesmo, acho que não teremos, além da artificial, por interferência da construção civil e seus maravilhosos projetos arquitônicos, que bem poderiam ter dado, já, uma mãozinha aos laboriosos "lava-jatos" da Maranhão, e no monstrengo do "pré-metrô". No mais, só saudades do ontem. Saudade boa, pois não?
ResponderExcluirSeu Marcos, a gente se encontrou recentemente numa dessas padarias de Teresina, que, agora, estão obrigadas a vender o pãozinho no quilo. Pois bem, seu olhar sobre Teresina foi certeiro. Precisou contemplar, porém, outras obras que, por ainda não terem sido concluidas, são, no mínimo, verdadeiros exemplos do desrespeito do poder público para com a população de nossa capital. Refiro-me a obras como a da ponte do sesquicentenário e do pronto-socorro municipal. Um abraço.
ResponderExcluirVocê acabou de me pautar. Prometo desdobramentos para os próximos dias.
ResponderExcluirAbraços!