sábado, setembro 01, 2007

O DOPS TINHA RAZÃO

No auge da Ditadura Militar no Brasil, após 1964 e até final dos anos setenta, a piadinha que fazia sucesso entre os estudantes de esquerda dava conta de que o DOPS, a toda poderosa polícia política da ditadura, pagava mil cruzeiros a quem delatasse um comunista subversivo. 
Daí um metido a esperto chegou lá e perguntou: quer dizer que se eu entregar trinta comunistas vou ganhar trinta mil cruzeiros? - No que responde o agente do DOPS: quem conhece trinta comunistas vai é preso, porque é do ramo.
É uma piadinha antiga, que saiu de moda, mas que pode servir para uma boa reflexão. Lembrem-se que o presidente Lula teve agora quarenta bons companheiros, amigos, entre os quais ex-nomeados para ministérios da República indiciados por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, peculato e outros crimes. 
Será que não é do ramo?

quarta-feira, agosto 29, 2007

UM ESTADO GIGOLÔ DAS ABELHAS

A caixa de entrada do meu correio eletrônico inundou de protestos. ofensas e poucas, raríssimas palavras de concordância ao texto anterior deste blog “O TOLO ZOTOLLO E A PAPALVICE PIAUIENSE”. Como Zotollo, reconheço que não agradei. Feri de morte a alma cívica piauiense. Atrevi-me “...a baixar a já comprometida auto-estima de nosso povo” – como acentuou o leitor Marcelo Nogueira. Entre tantos descontentes, há os que sugerem que recebi dinheiro da Phillips, que eu tenho que ir embora do Estado, que eu concordo com os que esculhambam nossa terra porque quero aparecer e que estou “acoloiado com a direita e com as elites”. Esclareço que tenho um certo prazer em pensar, em não ser o coletivo. Portanto não sou “acoloiado” com as elites, mas conluiado com a minha consciência. Admito que as elites também pensam. E quando não estão gastando dinheiro podem eventualmente dizer alguma bobagem. Assumo que não recusaria um belo cachê da Phillips. Vivo praticamente do que escrevo. Um extra não iria fazer mal algum. O interessante, em quase todos os protestos, é a alegação da auto-estima que eu tentei atingir. Já disse aqui neste blog que prefiro o exercício da cidadania à auto-estima. Sendo cidadão pode-se cobrar tudo o que é devido. Com falsa auto-estima há o risco de achar que está tudo lindo e maravilhoso. Corre-se o risco de gostar do Piauí do jeito que ele está, de concordar com mazelas porque o que vale é “amar aquilo que somos e como somos” Isto é ser contra a evolução, contra o aperfeiçoamento. Auto-estima para mim não faz parte de treinamento. Não se adquire com campanhas de marketing. Auto-estima é decorrência de conquistas individuais. Ninguém conseguirá, em tempo algum, tirar a auto-estima de vencedores. Perdedores é que lidam apenas com a confiança da próxima vez. É bem aquela velha sabedoria popular de que “rico ri à toa e pobre vive de esperança”. Não falo mal do Piauí. As minhas posições são claramente críticas ao falso civismo, à hipocrisia e de certa forma me aproveito de todo o bom humor piauiense com a própria desgraça. Sinceramente não vejo nenhuma ofensa aos piauienses achar que o Piauí não tem tanta importância assim no cenário nacional. Tanto não tem que o governador Wellington Dias, na sua resposta de desagravo ao senhor Zottolo, não encontrou tantos argumentos. Limitou-se a dizer que o Estado é um grande produtor de mel, que tem belezas naturais e potencial turístico. Foi mais óbvio que o desastrado Zottolo. Qual é o lugar desse Brasil tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, que não tem belezas naturais? E se a nossa importância econômica se sustenta no mel, cuja produção depende da exploração do trabalho árduo das abelhas, estamos irremediavelmente perdidos. Queira Deus que haja florada todo ano. E que não surja nenhum abelhão barbudo para mobilizar as abelhinhas numa greve reivindicatória por um basta à exploração. Respeito a opinião dos descontentes. E aceito todos os argumentos contra o que escrevi. Só lamento que a tenham expressado através de e-mail. Neste blog há um espaço democrático para comentários e críticas, sem nenhum controle ou censura de minha parte.

quarta-feira, agosto 22, 2007

O TOLO ZOTTOLO E A PAPALVICE PIAUIENSE

Há tempos venho catalogando alguns fatos notáveis que reunirei em um livro, cujo título - FEBEAPI, foi pensado há mais de trinta anos. É inspirado, claro, no FEBEAPA, do genial Sérgio Porto, ou Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo usado por ele para assinar a obra. No FEBEAPA Stanislaw mostrou o Festival de Besteira que Assolou o País durante o regime militar. No FEBEAPI mostrarei o Festival de Besteira que Assola o Piauí nos tempos modernos. Faltava-me, para completar a obra, uma besteira que fosse mais besteirol entre todas as besteiradas produzidas pela nossa inocente mente provinciana. Felizmente ela veio agora, após a declaração do deselegante presidente da Philips, o senhor Paulo Zottolo, de que “...se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado”. Particularmente acho que Zottolo tem capacidade para produzir frase mais elaborada. Poderia ter fugido do óbvio. E talvez tenha sido o óbvio o causador da ira dos vaidosos piauienses, das organizações ligadas a partidos políticos e dos aproveitadores de última hora. Estes, na falta do que fazer e de como justificar a inércia, passaram a repercutir a palva declaração do presidente da Philips. Alguns chegaram ao cúmulo de sugerir pedido de indenização, boicote aos produtos representados por ele e outras macaqueadas. Não conheço nenhum piauiense, os que realmente se preocupam e conhecem o potencial do Estado, que tenha se incomodado com a tentativa de ser engraçado do senhor Zottolo. Primeiro porque sabem que o Piauí é alvo natural de muitas piadinhas. Segundo porque têm consciência que isto decorre exatamente da capacidade de alguns conterrâneos produzirem fatos negativos que rapidamente caem no anedotário nacional. Antigamente os nativos tinham bom humor. A Câmara Municipal de Teresina, por exemplo, deu um título de cidadão ao compositor-humorista e cantor Juca Chaves no auge de sua carreira, quando ele produziu a mais bela página musical do cancioneiro nacional, um versinho safado que dizia: “Piauí, Piauí. Se o mundo tivesse um fiofó, o fiofó seria aqui” Ninguém se incomodou em ser o fiofó do mundo. Juca Chaves andava por Teresina distribuindo gracejos, freqüentando altas rodas e traçando algumas moçoilas da chamada “alta sociedade”. Taí o ex-vereador Dubá Leitão que não me deixa mentir. Mas voltando ao FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLA O PIAUÍ, a melhor tolice, repito, o fato que vai para o meu livro FEBEAPI, é a reação provinciana dos oportunistas. A Phillips, a quinta maior corporação do mundo, a maior indústria de equipamentos hospitalares e a primeira em eletroeletrônicos e utilidades domésticas, cujo investimento em programas sociais na América Latina deve somar dez vezes o PIB de nosso estado, deve estar tremendo na base com o boicote dos piauienses. Todo o episódio poderia ter se resumido na reação oficial do governador e no pedido de desculpas formal e inciso do infeliz presidente da Phillips. Mas isto seria exigir demais de um Estado que já tem uma grande história e experiência em produzir ganchos para as piadinhas de mau gosto. Mau gosto para os nativos, porque para outras tribos vai continuar sendo o fino do humor nacional.

quinta-feira, julho 19, 2007

CRISE AÉREA OU INDECISÃO?

Em alguns dos grandes eventos nacionais ou locais sou acossado, por amigos e leitores, insistentemente desafiado, a falar sobre o assunto. Recebo e-mails e ligações lembrando que este ou aquele fato é um grande mote para um texto. Mas todos sabem que este blog não tem a ousadia de tratar de notícias factuais. Como é o caso da tragédia que envolveu São Paulo, no acidente da TAM. É difícil falar de tragédias. Normalmente quando elas acontecem, salvo raras exceções, a primeira coisa que vai para a cesta do lixo é o bom senso. E nós jornalistas temos uma ânsia despudorada de, em nome de primeiro e melhor informar, cometer erros grosseiros, ferir sem pensar pessoas que normalmente deveriam estar sendo consoladas. Claro que passadas as primeiras horas do impacto, todo mundo se concentra no que é essencial, usa mais a racionalidade. Fiz pelo menos quatro textos para postar neste blog sobre a tragédia. Mas a ousadia faltou-me. Eu expressava em todos aquilo que estamos com receio de dizer, e que pode ser a verdade mais aproximada para o lamentável acidente de Conconhas. E para os leitores que cobram-me uma opinião, copio aqui um comentário que fiz no blog do jornalista piauiense residente em Fortaleza, Nivaldo Ribeiro. http://colonline.blogspot.com/ “Nivaldo tenho certeza que a grande maioria dos brasileiros pensa como você e está da mesma forma indignada. Mas algo me diz que este acidente não teve nenhuma relação com crise aérea ou condições da pista do aeroporto. Claro que não sou nenhum especialista, mas o mínimo de conhecimento aguça meus questionamentos como jornalista:- Se o avião percorreu uma pista de 1,9km em linha reta, praticamente na mesma velocidade do pouso, não houve aquaplanagem.Ou seja, não deslisou na pista.- Também não se pode falar que o freio não funcionou porque a pista estava molhada. Freio de avião é na reversão das turbinas e não nas rodas.- É difícil admitir, porque a TAM vai defender sempre que a aeronave estava em ótimas condições, mas em acidente como este só há duas explicações: falha do equipamento ou falha do piloto. Particularmente acho que o avião estava com muito peso e a decisão do piloto em arremeter foi tomada tardiamente. Se estivesse leve levantaria vôo novamente com metade da potência. E este é o ponto chave.
A unanimidade dos instrutores de vôo repete sempre que um avião pode ser tirado do chão e colocado lá novamente com a menor facilidade por uma criança de dez anos minimamente treinada. O problema é que, como estamos lidando com grandes velocidades, o tempo em que se leva para tomar uma decisão faz a maior diferença. Lamentamos mesmo tudo o que aconteceu e a revolta impensada talvez venha em decorrência das declarações de autoridades petistas, a exemplo de dona Marta. Um grande abraço.”
Este comentário foi postado muito antes de serem liberadas as imagens do aeroporto que mostraram a aeronave acidentada passando em velocidade anormal para um procedimento de pouso, o que reforça a minha opinião.

sábado, julho 14, 2007

A VOZ DEMOCRÁTICA DA VAIA

Não gosto de vaias. Mas reconheço que é a manifestação mais democrática que existe entre todos os povos. Vaia é universal. Tem o poder ilimitado de suplantar, em um mesmo ambiente, todas as outras manifestações a favor. Coloque-se em um estádio de futebol setenta mil pessoas. Vinte mil vaiando e o restante aplaudindo. O que vai aparecer é o apupo. E a vaia é contagiante. Depois que pega ritmo só resta ao vaiado colocar o rabo entre as pernas e sair de fininho. Gosto muito do carioca. Mas reconheço que é um povo metido a besta, cheio de preconceitos. Paulista, por exemplo, pensa que é o dono do mundo. Carioca tem certeza absoluta. Tem uma estátua do filho de Deus e por isto acha que a humanidade começou ali. E na verdade tudo começa no Rio de Janeiro. Principalmente as grandes mudanças políticas do Brasil. O resto do país é apenas caixa de ressonância. A vaia que o presidente Lula ouviu ontem, no Maracanã, é um grande sinal de alguma mudança. O Maracanã é democrático. Por mais que se queira atribuir esta manifestação a grupos organizados, como manda a lógica do PT, ninguém vai engolir. O presidente Lula anda em todos os estados brasileiros. Nas aparições públicas, no contato com o povo, há sempre o cuidado de separar os que aplaudem dos que vaiam. Quem tem faixas rendendo loas vai para perto do palanque. Quem vai ver o presidente para cobrar é separado por um grande cordão de isolamento. Fica tão distante que não tem chance nem de jogar um ovo podre. A estratégia de segurança sempre deu certo, porque o cerimonial é dono da arena. Monta palanque e faz triagem dos que gostam o dos que não gostam do presidente. No Maracanã a arena é do povo. Além da vaia o presidente Lula foi tratado como um Zé Ninguém. Sentiu o gosto amargo da insatisfação popular, escondida nos números frios de pesquisas interpretadas de acordo com vaidade de sua excelência. O presidente foi vaiado todas as vezes em que apareceu no telão ou que se anunciava seu nome. O protocolo foi pras cucuias. Ele não pôde fazer o pronunciamento de abertura dos Jogos Pan-Americanos. O povo não deixou. Foi substituído no papel por Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Mas também houve precipitação dos protetores do presidente. Queriam evitar maior constrangimento e o que fizeram, tirando-o de suas obrigações, foi criar um fato histórico. Eu explico: desde o primeiro Pan de 1951, em Buenos Aires, os chefes de Estado são os responsáveis pelo anúncio oficial de abertura. Começou com o argentino Juan Domingo Perón, passando pelo cubano Fidel Castro em Havana (1991), e o norte-americano George Bush em Indianápolis em 1987.
Lula se borrou todo. Saiu do Maracanã cabisbaixo, no mesmo carro, ao lado do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho. Que muito pelo contrário estava sorridente e acenando para os eleitores. Mas o presidente tem muita sorte, mesmo sendo vítima de um acachapante chega pra lá. A festa foi tão bonita, tão cheia de nove-horas, tão cheia de novidades, que uma vainha de setenta mil pessoas, para a grande maioria da imprensa, não representou nada. O futuro está perto e o carioca, via de regra, tem razão.

terça-feira, julho 03, 2007

FOFOCA É QUALIDADE DE VIDA

Não discuto com ninguém a seriedade com que lido com a minha profissão de jornalista. Não admito contestação de que sou sério, compromissado com a busca da verdade e dedicado a bem informar. Os meus defeitos são pouco aparentes. O maior deles é detestar fofocas. A despeito de, por amor à minha profissão, ler revistas como Caras, People, National Enquirer e outras que fazem da vida alheia a bolo editorial de cada edição. E igualmente em defesa de ficar bem informado também vejo programas de fofoca na TV. Até ontem eu negava ou escondia este meu lado, digamos assim, voyeur de ser. Eu disse até ontem. Hoje continuo detestando fofoca, principalmente se envolve amigos meus, mas encontrei uma base científica sólida para esta necessidade de querer se informar. Dei de cara com uma publicação espetacular, do inglês Robin Dunbar, que garante, entre outras coisas, que a evolução da espécie depende fundamentalmente da fofoca. Tudo bem, talvez nem seja bem isto que o Dunbar quis dizer, mas que o ensaio dele é uma delícia para explicar o voyeurismo, lá isto, é com certeza. O Título em inglês: "Grooming, Gossip and the Evolution of Language". De cara você vê logo que tem realmente alguma coisa com evolução. Como o meu inglês não passa de alguns vocábulos e técnicas instrumentais, traduzi secamente: para “Asseio corporal, fofoca e a evolução da fala”. Mas corri atrás da obra em outras línguas, apostando que a encontraria em português. Não a encontrei. Mas viva a santa internet. Há um longo artigo em alemão, discutindo as afirmações do professor Dunbar. Ele contesta de certa forma os estudos de antropólogos e lingüistas que creditam a invenção e a evolução da fala à necessidade do homem em desenvolver a caça de maneira mais eficiente. Dunbar garante que os nossos ancestrais desenvolveram a fala simplesmente para fofocar, para se divertir. E tudo começou na necessidade do asseio. Os grupos se reuniam para catar piolho uns nos outros e a tarefa era um tanto monótona. Vai um grunido daqui, outro dali, que foi logo se traduzindo em comando ou comentário. Daí para o tête-à-tête foi um pulo. E o fuxico e o mexerico garantiram alegria e qualidade de vida aos símios nossos tetratataravós. Bem mas isto é uma conclusão minha, para encurtar a conversa longa e professoral da discussão sobre as descobertas do Robin Dunbar. Não sei por que na escola a gente não aprende logo a coisa assim direta, sem muita tese e antítese. Vai-se atrás de tanto conhecimento, em um monte de livros, e joga-se fora o mais natural do dia-a-dia, que é o tempo para fofocar. Agora mesmo os cientistas do mundo todo estão gastando neurônios para provar que a terra está em perigo, por causa do aquecimento global. Talvez seja tempo ainda do homem voltar aos tempos do asseio solidário, piolho a piolho, ti-ti-ti a conversa fora, para se divertir. Falar do rabo do outro, desacelerar a ganância, porque fofoca é qualidade de vida. Virgílio, com a sua “Eneida”, e “Otelo”, de Shakespeare já tinham feito o alerta.

terça-feira, maio 29, 2007

RENAN CALHEIROS É UM HERÓI

Renan Calheiros é o herói nacional. Garanhão, adúltero, generoso e displicente. Não precisa de mais qualidades para ter a admiração de um país machista. Surpreendido pela revelação de seus feitos heróicos, Renan calou o Senado. Juntou alguns papeis e, ao invés de ir para a tribuna, se aboletou na cadeira da presidência. De lá se fez de ofendido. E defendeu-se dos vilipêndios lançados pela Veja. Transformou a publicação na mais nova revista de fofocas do país. Nenhum senador o interrompeu. Também pudera!
Regimentalmente, como presidente do Senado, e ao falar nesta condição, ninguém pode se manifestar contra ou a favor. Pode até cochilar ou se retirar do plenário. Mas interromper a fala, de jeito nenhum. Renan confessou. Fornicou mesmo com a jornalista. Teve uma filha com ela. Mas não a abandonou. Assumiu a paternidade. Um ano e meio depois, claro, porque precisava saber se a menina se parecia com ele. E para garantir o futuro da criança, preservando a vida pessoal, fez o que fez. Utilizou-se de um amigo de vinte anos para repassar as obrigações pecuniárias. Generosas, aliás. A filha não deveria passar necessidades. A mãe não poderia chorar a separação. Dinheiro dá conforto e resignação, sabiam? A defesa de Renan convenceu. O país deixou de discutir a bandalheira pouco republicana para centrar fogo na ética jornalística, que não podia ser quebrada para entrar na vida privada de um homem público. Como nunca liguei para manual de ética, porque já nasci com o genes da ética e o reforcei durante toda a minha vida, quero, sim, continuar na discussão. Tenho a convicção que Renan Calheiros é homem público. E o que ele fez confessadamente, entre quatro paredes, com a jornalista, no privado, não vai fazer comigo publicamente sem beijar na boca. Quero, sim, saber de onde saiu o dinheiro, por que um alto executivo de uma empreiteira estava sendo usado como garoto de recado e porque o presidente do Senado, tão generoso, não se preocupava em ter recibo para evitar futuras cobranças. Sim porque a jornalista poderia alegar que nunca recebeu nada do pai da criança e pedir uma indenização polpuda. Como Renan iria provar que pagou o acerto? Quero saber também se como cidadão Renan declarava no Imposto de Renda a mais nova herdeira e a sua mãe como dependentes. Se declarou neste ano, a título de pensão alimentícia, os valores que mandou o amigo entregar para a ex-concubina. E definitivamente quero deixar claro que minha preocupação é com o relacionamento pouco ortodoxo do presidente do Senado com empreiteiras. A sua relação fora do casamento pouco me interessa. Diz respeito apenas à tolerância de sua família. Se bem que cair na farra sem usar camisinha é uma falta de compromisso com a saúde pública da nação.

sexta-feira, maio 18, 2007

AUTO-ESTIMA DESESTIMULA A CIDADANIA

A auto-estima do piauiense foi para o brejo. Acho eu. Aliás, voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Ao que me lembre essa tal auto-estima, criação do Ministro da Propaganda Nazista Paul Joseph Goebbels, chegou ao Piauí com o PT. Antes disso o piauiense só tinha direito às euforias passageiras. Depois que o PT assumiu o poder no Estado, entraram em ação as campanhas mostrando que valia à pena acreditar. A miséria também é motivo de orgulho. Credo! Particularmente acho que mais vale conservar as euforias esporádicas que viver sonhando. O PT, que investiu em marketing para distribuir auto-estima, é o mesmo que nomeia arautos para nos meter goela abaixo o imponderável: O PT acha que Teresina, administrada pelo PSDB, é outro Estado. Basta ver as especialíssimas opiniões do novo Secretário de Saúde, Assis Carvalho. Ele não é médico mas foi um dos campeões de voto para deputado no Piauí. Bancário e amigo do governador, antes mesmo de se eleger passou a ser entendido em trânsito e não menos especialista em distribuição de água. Administrador nato. Tem pelo menos uma obra majestosa em Teresina. A festa de lançamento da cidade DETRAN, com apresentação da Esquadrilha da Fumaça. A cidade não pôde ser construída. A Festa consumiu todo o orçamento. Assis Carvalho entende que o dinheiro arrecadado pela União, fruto do imposto pago por todos os cidadãos, é do PT. Por isto não vai permitir que se invista um centavo em uma obra do PSDB, no caso a conclusão do Pronto Socorro Municipal de Teresina. Prefere fazer remendos em velhos prédios, segundo ele, para salvar o povo do péssimo atendimento no já obsoleto Hospital Getúlio Vargas. Uma pancada na auto-estima do povo, que paga imposto, espera retorno e vê que não pode usufruir nada. Outro especialista do PT é o Secretário de Segurança, Robert Rios. Comprovadamente um experiente policial federal, com um currículo invejável na área de segurança. Sua especialidade, no entanto, é se notabilizar pelo que diz e não pelo que faz. Para ele Teresina não tem mais do que 120 assaltantes armados. A declaração foi publicada pelo Jornal “O Dia”. Garante que a polícia conhece a todos. E quando prende quarenta solta uns vinte. Deve ser uma estratégia para manter os policiais ocupados. Provavelmente se houvesse a prisão de todos, com flagrante armado através de inteligência, os agentes policiais iam entrar em depressão. Perderiam a auto-estima por absoluta falta do que fazer. Mais uma pancada na auto-estima do piauiense, que ficou de novo em segundo plano. Ao invés de ter a sua segurança garantida, tem que entender a lógica dos especialistas do PT. Entender com o risco de levar uma bala no meio da cara num assaltozinho vagabundo de esquina de caixa eletrônico. Nunca tive auto-estima. Nem sei o que é. Não embarquei nas loas do marketing petista. Ela só serve para autores de livros de auto-ajuda. Outra palavrinha, aliás, que abomino.
Sei o que é amor próprio. Por isto sou mais eu. O Estado que recorre aos artifícios da auto-estima se assemelha à Alemanha de Hitler. Estimula o patriotismo para esconder deficiências e arbitrariedades. Eu prefiro estimular a cidadania. Cobrar o que me é devido e mostrar as incompetências que me envergonham.

quinta-feira, maio 10, 2007

A FÉ ALIMENTA O COFRE

Duas constatações da visita do Papa Bento XVI ao Brasil: 1 - O português que ele aprendeu em noventa dias é bem melhor que o português nativo do presidente Lula. 2 – Lula tem mais carisma. É mais esperto. Se o colocarem para rezar a missa de despedida do Papa, não só o fará melhor que os padres, como será capaz de virar santo. Milagres comprovados não lhe faltam. O principal é o programa Fome Zero. A comida nunca chega à mesa do brasileiro mas acabou a fome. O milagre menos importante foi a reeleição. Ao invés de curar cegueiras, cegou a todos. E os fez acreditar que ele não sabia de nada. Outras constatações, sem qualquer culpa do Lula: O maior país católico do mundo, o Brasil, está perdendo ovelhas para outras religiões. Segundo pesquisas, o brasileiro descobriu que também pode salvar a alma nas Igrejas Batista, Presbiteriana, Testemunhas de Jeová, Universal, Budista, Xintoísta, além de outras. Ou ainda sendo espírita, umbandista, macumbeiro, largado da vida ou agnóstico. Se bem que agnóstico só pensa na salvação do corpo. Deus é apenas uma possibilidade. Com os números foi fácil convencer a Igreja Romana: ou vende a mesma ilusão das outras no Brasil, fazendo milagres ao vivo, com a cura fantasiosa de todas as doenças e aleijões, ou se contenta com o dízimo cada vez mais escasso dos católicos mão-de-vaca. Sim, porque segundo a mesma pesquisa os cristãos de outras Igrejas são mais generosos. Os católicos escondem a botija. Mas não será por falta de milagres que os católicos brasileiros ficarão descontentes. O Vaticano, bem mais que Lula, tem tradição. O Brasil, tão pobre em Santos porque tinha rebanho que se contentava com pouco, agora está no roteiro. Em 2002 ganhou a canonização de Madre Paulina, a primeira Santa Brasileira, que aliás nasceu na Itália. Não Valeu! Tudo bem. Bento XVI agora beatifica um autêntico brasileiro, milagreiro comprovado, que curou e cura muita gente com pílulas de oração. A tradição começou com muita fé. Frei Galvão escrevia orações em pedaços de papel, enrolava-os, e dava aos enfermos para engolir. Depois de Galvão a Igreja Católica no Brasil colocou na lista de beatificação mais quatro milagreiros. Albertina Berkenbrock, de Santa Catarina; padre Manuel Gonzales e o coroinha Adílio Daronch do Rio Grande do Sul, e a irmã Lindalva Justo Oliveira, de Salvador, na Bahia. Vai garantir o dízimo.
Como bom nordestino, abraço a causa da região. Por enquanto a Cúria Romana está se preocupando mais com milagreiros do Sul e do Sudeste. Cuidado com a Universal. Aqui em Teresina, por exemplo, toda semana os bispos dessa igreja jogam no lixo algumas muletas e dezenas de pares de óculos escuro. Prova de que os fiéis ficaram curados ao vivo nos extraordinários cultos de finais de semana.
É hora de colocar na lista de beatos, para canonização imediata, Padre Cícero do Juazeiro e Irmã Dulce da Bahia. São excelentes nomes. No futuro, quem sabe, o pernambucano Lula também poderá entrar. No Piauí o meu preferido é Mão Santa. Quando era governador conseguiu o milagre de tirar uma foto sendo recebido pelo Papa Santo João Paulo II, ao lado de dona Adalgisa, sem nunca ter marcado audiência e sem ter passado no Vaticano.

quinta-feira, maio 03, 2007

GRAVIDEZ ON LINE OU DEPRESSÃO?

Devo, sim, uma boa explicação aos amigos e leitores. Sumi sem culpas. Mas foi involuntariamente. Ultimamente, graças a um médico dos bons, tenho explicação para todas as mazelas: de não comparecer ao trabalho até a falta de paciência com os colegas que tentam vender suas ótimas idéias de pauta na redação. Contra a minha vontade o médico amigo diagnosticou que estou com crise de depressão. Como assim crise de depressão, se não sou depressivo? Você é que pensa – sentenciou ele. Como não acredito, ou melhor, não acreditava que existisse esta doença, corri para a internet. Pesquisa é comigo mesmo. Em um site de diagnóstico on line descrevi os meus sintomas: tonturas ou angústia, dores musculares, indisposição, taquicardia etc. Em menos de três minutos lá estava uma descoberta inovadora, totalmente diferente de depressão: “provável gravidez”. Epa! Como gravidez? Sou homem e a estas alturas da vida mesmo que tentasse engravidar uma generosa e paciente parceira dificilmente iria conseguir. Só então me dei conta que me apresentei para o diagnóstico on line como sendo do sexo feminino. Maior bandeira! Troquei o sexo, mantive os sintomas. E lá vem uma nova doença: “desnutrição”. Caramba! Será que na medicina presencial, olho-no-olho com o médico, ele também muda de opinião num piscar de olhos? Ou num clicar do mouse? Fiquei na maior dúvida. E por falta de opção resolvi assumir que estava mesmo com crise de depressão. Com os colegas quis mostrar-me bem disposto, gozar do diagnóstico. Não aceitar, enfim. Foi um desastre. Cada um mostrava-se mais preocupado comigo. Pedindo para me cuidar, para aceitar os conselhos médicos. Ouvi os mais aterradores relatos, de gente que ficou paralítica, até gente que cometeu o suicídio. Foi tratamento de choque, mesmo. O certo é que agora no final do mês voltei ao médico e perguntei se o cara depressivo pensava em grana, em viagem, em passear. Ele garantiu que não, que a depressão deixa a pessoa em estado de letargia... mas não em todos os casos, porque tem caso grave, caso médio e caso brando etc... etc. Pois doutor – disse-lhe eu, estou completamente curado. Estou depressivamente louco para receber a minha grana, do salário, e sair por aí dando uma de turista. Os meus superiores aceitaram essa coisa de depressão e me aconselharam dar uma parada geral. Tirar férias. O médico suspirou fundo, deu-me uma lição de moral porque eu não acreditava no diagnóstico dele e arrematou: pois foi tudo graças ao diagnóstico correto e aos medicamentos que você tomou. Mas que medicamentos? Rasguei a receita antes de chegar ao estacionamento. Não confio em diagnóstico que leva o paciente a tomar quatro medicamentos por dia, com o conselho de evitar dirigir, ficar em casa, não fazer trabalhos em máquinas, porque vai ter sonolência. A cura, garanto, veio do carinho dos colegas de trabalho, dos chefes. Da compreensão dos amigos. Dos conselhos chocantes. Ah e antes que encerre quero revelar um segredo que pesquisei na internet: dizem os especialistas que o cara quando está depressivo pode inventar muitas verdades.

terça-feira, abril 10, 2007

EU SOU UM ASNO BRILHANTE

"Suzane Morone disse... A sorte de possuir uma grande inteligência é que nunca vai te faltar asneiras para dizer”. Comentário sobre o texto deste blog: “REFLEXÃO PROFANA DA PÁSCOA”. Achei uma jóia. Aplaudi a frase depois de corrigir mentalmente a concordância. Assumi Orgulhoso e com grande modéstia a minha inteligência superior. E de quebra eu também acho que muito do que escrevo não passa de... como direi... tudo bem... Li o comentário da Suzane e fiquei com a sensação de que algum dia já havia pensado exatamente assim. Ou dito ou escrito algo semelhante. Corri para as minhas anotações. Nada! Revi algumas crônicas. Nada! Passei a Páscoa pensando na frase. Castigo por ter relinchado contra as trapalhadas da Igreja Católica, talvez. Hoje cedo Deus, na sua suprema bondade, mostrando-me que é feito de perdão para os que pecam contra o seu santíssimo nome, iluminou os caminhos da minha busca. Num estalo lembrei-me de um texto do fenomenal russo Anton Tchekhov: “O Orador” Heureca! É exatamente dele a frase que a Suzane usou para exaltar as minhas asneiras: “Que sorte possuir uma grande inteligência: nunca te faltam asneiras para dizer”. Anton falava de si, ensinando que para produzir um bom texto bastava ter inteligência, porque o que vale é saber trabalhar as palavras, coloca-las na vitrine com destreza. Não importando o resultado do que é dito. Anton Tchekhov foi O CARA na passagem do século XIX para o século XX. Ele morreu em 1906. Era médico. Ganhou notoriedade em 1880 como novelista e dramaturgo. Criou o Teatro de Arte de Moscou. Obras mais conhecidas no Brasil: “As três irmãs”, “Ivanov” e “O Tio Vania e a Cerejeira”.
A Suzane provavelmente usou o conhecimento acumulado em leituras e me fez o mais grato elogio. Sim, porque uma referência a Tchekhov é impagável. Basta lê-lo em qualquer fase de sua brilhante produção literária.

quarta-feira, abril 04, 2007

REFLEXÃO PROFANA DA PÁSCOA

Na transição de minha infância para a adolescência achei que poderia ser padre. Influência da família. Era uma época em que ter um padre ou uma freira na parentela gerava prestígio. Infelizmente, ou graças a Deus, a iniciação nos livros de filosofia desviou o meu caminho. Sabia a missa na ponta da língua. Os dizeres do celebrante e dos fiéis. Só nunca entendi por que Jesus mentiu para o bom ladrão. Para quem não sabe a Igreja Católica divide o larápio em duas categorias: o mau ladrão é arrogante. Crucificado ao lado de Jesus, o desafia a usar dos poderes para tira-los daquela situação. O bom ladrão é humilde e reconhece que pecou e achava uma injustiça ter ao seu lado o filho de Deus. E Jesus entrou na história mostrando que gostava de puxa-saco. Nem ligou para as lamúrias do mau ladrão. Mas para o bom ladrão deu a sua palavra divina: “em verdade eu te asseguro que estarás comigo hoje no reino dos céus”. E é aí que reside a minha eterna dúvida. Como poderia Jesus prometer semelhante benefício para "hoje"? Segundo as escrituras ele só subiu aos céus no terceiro dia, depois que ressuscitou. Imagino que o bom ladrão ficou esperando e, se não desistiu, deve ter sido recompensado. Também as minhas contas nunca fecharam nas celebrações da Semana Santa. Jesus ressuscitou no terceiro dia, certo? E o terceiro dia é o Sábado de Aleluia. Como assim? Sábado é só um dia depois da sexta-feira, dia da morte de Jesus. Creio que naqueles tempos ninguém sabia contar. Ou tudo não teria sido o resultado da praticidade ocidental? Vai ver que um desses sábios doutores da Igreja, tendo a certeza que a fé pode ser vendida mesmo com defeitos, não deu a menor importância a um dia a mais um dia a menos na história.
Não previu, certamente, que no futuro outros sábios inventariam o Código de Defesa do Consumidor.

segunda-feira, abril 02, 2007

A GRAVATA É MAIS BARATA

O rabino Henri Sobel, presidente do rabinato da Sociedade Israelita Paulista, pagou três mil dólares de fiança para ficar fora da cadeia. A acusação: roubar gravatas em lojas de grife em Palm Beach, Flórida. Desconfio que ele é um falso judeu. Uma gravata de grife custa em torno de duzentos a trezentos dólares. Em canto algum do mundo um judeu faria tão péssimo negócio. Jamais se arriscaria tomar um prejuízo de cerca de dois mil e setecentos dólares. A piadinha infame não é nada diante de outras reflexões que somos obrigados a fazer no exercício da profissão de jornalista. Diariamente dezenas de larápios são flagrados roubando em lojas e dificilmente ganham manchete em jornais. Por que Sobel mereceu? Simplesmente porque ele é o Henri Sobel, um judeu que nasceu em Portugal, foi criado nos Estados Unidos e há mais de trinta anos está no Brasil se metendo em todas as grandes causas como representante de um povo. Quando terminar a exposição na mídia, porque vai provar que a culpa é dos medicamentos que vem tomando para equilibrar a mente, bem que o rabino poderia abrir mais uma batalha em favor de centenas de brasileiros que estão presos por motivos semelhantes.
A lista de mulheres presas no Brasil, por exemplo, é imensa. Roubaram comida em supermercados, levadas pela emoção de ver os filhos passando fome. Sem direito a fiança foram condenadas a reclusão de dois a seis anos.

quinta-feira, março 22, 2007

MEU PAI ME TRAIU

Descobri agora, depois dos cinqüenta anos, que pai é imperfeito. Ele morre. Um péssimo exemplo que me recuso a seguir. Desaparece da vida da gente e deixa um vazio imenso. Faz-nos sentir culpados. Deixa-nos os questionamentos. Aqueles que não tivemos tempo de discutir com ele. O meu tinha oitenta e um anos. Vivíamos separados fisicamente por uma distância de quatrocentos quilômetros mas tínhamos uma identidade forte. Nos visitávamos com certa freqüência e o telefone foi um instrumento eficaz em nossa convivência. Dos quatro primeiros filhos, da união com a minha mãe, eu era o preferido. Isto chegou a me incomodar em certa época porque sentia o ciúme de meus irmãos. Depois descobri que era assim e pronto. Com uma outra companheira, a última da vida dele, teve seis filhos e agiu do mesmo jeito. Escolheu a terceira filha como preferida e, com a morte desta, transferiu a preferência para o sexto e último filho. Pelo menos dos que eu conheço. Tinha fascínio por mulheres. Tanto que depois da separação de minha mãe, com sete ou oito anos de casado, se apaixonou e desapaixonou uma centena de vezes. Trocava de companheira três vezes por ano. Nas nossas conversas de adulto, quanto questionei este comportamento que manteve até por volta dos cinqüenta e cinco anos, ele resumiu a própria filosofia: “Mulher só serve quando sabe perdoar. Quando entende a minha necessidade e me conforta depois das minhas indecisões”. Indecisão para ele era não saber se ficava com a nova conquista ou se voltava para casa. Era confuso no amor às mulheres mas tinha charme. As namoradas, mesmo traídas, o adoravam. Lembro de uma época em que ele andava com três namoradas. Iam em nossa casa juntas e até faziam gracinhas com nós as crianças, para agrada-lo certamente. Era amante da liberdade. Nunca censurou, que eu me lembre, a nenhum filho, por esta ou aquela atitude. Lá pelos meus quinze ou dezesseis anos ele me flagrou fumando com a turminha de colégio. Quando o vi se aproximando, era a minha vez de dar uma tragada. Fechei na mão o resto de um cigarro que passava de boca em boca. Ele chegou, disse alguns gracejos machistas com relação às meninas que estavam mais adiante, e seguiu no seu passo cadenciado. Foi uma tortura agüentar uma brasa de fumo na palma da mão. À noite, já em casa, ele me sapecou a pergunta mais cretina que pude ouvir: “como está a sua mão, meu filho, queimou muito?”. E acrescentou que se eu quisesse fumar que aprendesse a colocar o cigarro entre os dedos, com elegância. Olhou meu ferimento, passou leite de magnésio e não fez mais nenhum comentário. Na terceira série do ginásio fui reprovado por meio ponto em matemática. Desabei ao ver o quanto eu tinha brincado naquele ano, querendo ser artista, tocando violão, saindo com a turma para as primeiras festas noturnas. Nesta época já estávamos separados. Eu em Teresina e ele no interior do Maranhão, trabalhando e correndo atrás de novas parceiras. Minha irmã mais velha, fofoqueira, deu a notícia a ele do meu fracasso. Ele veio a Teresina e de mansinho deu um jeito de me dizer que apoiava o meu novo modo de vida, com cabelo comprido, violão debaixo do braço ensaiando as músicas de Geraldo Vandré e uma aparência desleixada mas chic para a época. Acrescentou que se eu quisesse estudar mais também tinha o apoio dele. Acho que foi o primeiro choro sentido que tive na vida e no ano seguinte virei professor de matemática. Só não tirei dez em todas as provas porque em duas o professor me perseguiu e tirou meio ponto, acho eu. Viajamos muito juntos. Quando eu pedia para dirigir, alegando que ele podia estar cansado, respondia que eu ainda não sabia andar em estrada. Fiquei algumas vezes aborrecido mas hoje sei que nunca passei de uma criança para ele. Essa coisa que só pai pode entender. Nos últimos anos, quando a idade carimbou as suas possibilidades, malandramente ele inverteu os papeis. Passou a ser meu filho mais novo. Meu e de meu irmão Afrânio, que mora no Rio de Janeiro. Consultava-nos para tudo e algumas vezes, tenho certeza, fez chantagem emocional para eu largar tudo e ir visitá-lo. Antes da sua morte, no dia 19 de março, traído pelo coração, passamos vinte e oito dias juntos, em total cumplicidade. Dividia meu tempo entre o trabalho e a sua companhia. Ouvindo-o falar da vida, das mulheres e do trabalho que fez no Piauí, para implantar o serviço de transporte coletivo interestadual e intermunicipal pelas estradas federais. Ele foi um dos grandes do antigo DNER, atual DENIT. Ajudou a implantar esta repartição federal no Estado. Orgulhava-se de ser um Cavalcante, de ter avós maternos italianos. Tinha o brasão e a história da família em um livro que folheei várias vezes. Mas também falava com orgulho, de acordo com o interesse, que tinha nas veias o sangue dos índios cearenses, por parte dos avós paternos. Desconfio que meu pai nunca se preocupou em dar bons exemplos, porque nunca exigiu nem escondeu nada dos filhos. Nunca ditou normas. Não foi um hipócrita. Mas tenho a mais absoluta certeza que o único mau exemplo que nos deu foi a morte, porque escondeu o dia e a hora. O seu último gesto para mim, antes de entrar na sala da cirurgia que se tentava para lhe dar melhor qualidade de vida, foi de um polegar esticado para cima como se dissesse: “ta tudo OK, haja o que houver ali dentro”.

sexta-feira, março 09, 2007

INSPIRAÇÃO DEPENDE DO "GANCHO"

- Marcus, por que você nunca mais escreveu nada em seu blog? - Porque estou sem saco. Sem inspiração. - Pois fala dessa falta de “saco” para escrever. Taí! Já te dei o mote. O diálogo é verdadeiro. Foi a reprimenda que recebi hoje da amiga Ana, ao vivo. Olho no olho. Ana Cristina Batista é jornalista. Confessa que tem vontade de escrever, admira quem tem facilidade em transformar qualquer assunto em texto. Mas nunca sabe como fazer para começar. Pois é. Agradecido pelo mote. E devolvo aqui a reprimenda: não sabe como começar? É capaz de dar um mote assim fenomenal e não sabe como começar? Eu é que sou meio tapado. Abandonei desde a segunda quinzena de fevereiro vários assuntos quentes, pulsantes, com a justificativa de que “estava sem saco”. O fim da novela Páginas da Vida, por exemplo. Ouvi inúmeras críticas abusadas. Os críticos se perguntaram, via de regra, por que uma novela que fugiu à realidade, inventando aparecimento de alma, fez tanto sucesso. De minha parte a explicação é simples e óbvia: o autor, como os melhores autores do mundo, recorreu ao REALISMO FANTÁSTICO, de que é mestre o colombiano Gabriel Garcia Marques. Ou alguém de bom senso colocaria em dúvida a genialidade do romance CEM ANOS DE SOLIDÃO? Alguém se perguntou por que os contos árabes das Mil e Uma Noites fazem tanto sucesso? Faça-se um levantamento em toda a literatura premiada e a constatação é imediata: ou trata de realidade histórica ou realismo fantástico. Os autores de telenovela descobriram isto há anos. Os críticos é que ainda estão discutindo apenas gosto pessoal ou se apoiando em intelectualidade duvidosa. Outro assunto que deixei escapar nesta semana foi o DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Observei vários comportamentos das colegas de trabalho, anotei, me meti com elaborada e proposital opinião machista, fui rechaçado, mas no fim concluí que somos todos, homens e mulheres, uns bobos úteis e disponíveis para a inteligência do marketing.
Pronto. Acho que aproveitei bem o gancho da Ana. No mais é pedir desculpa aos leitores pela ausência prolongada.
EM TEMPO: Hoje é aniversário da Ana C Batista. Como ela nunca revela a idade só posso dizer que temos mais de trinta anos de amizade.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

TODAS, QUEM, CARA PÁLIDA?

“Bom dia a todos e a todas”. A saudação corriqueira inventada pelo governador do Piauí, Wellington Dias, é marca registrada. Deveria ser usada, portanto, somente por ele. Governador é como um pop star, escritor ou poeta renomado. Pode se dar ao luxo de criar expressões, moda e neologismos. Se bem que no caso de governadores uma invenção duvidosa poderia muito bem vir protegida por um decreto proibindo a usurpação. O governador Wellington não tomou cuidado e o seu gracejo vernacular virou moda. Naturalmente entre seus auxiliares mais diretos. Eu achava que era só um hábito para agradar. Digamos... um esforço de puxa-saquismo. Mas que nada! A Coisa é muito mais perigosa. Está contaminando os auxiliares mais distantes. Hoje mesmo tem uma mensagem para o e-mail de muitos jornalistas, mandada pela assessora de imprensa do DETRAN, desejando a “todos e a todas um carnaval de paz e tranqüilidade”. Todas, quem, cara pálida? Jornalista que confunde o ofício com a oportunidade agradar não devia escrever. Principalmente quando não sabe o que é um pronome indefinido. “Bom dia a todos” (os presentes), "Desejo a todos" (os colegas, ou jornalistas) já está contemplando homens, mulheres, gays, lésbicas, simpatizantes e crianças. O acréscimo do “todas”, modinha governamental, não passa de gracejo, exagero verbal, incorreção que enche o saco de ouvintes e leitores mais atentos, compromissados com o bem falar. Quisesse a assessora de imprensa do DETRAN desejar um bom carnaval a jornalistas, individualmente, por sexo, que o fizesse com auxílio de artigos definidos que existem para isto: “desejo aos jornalistas e às jornalistas um carnaval... etc. etc”. Ser jornalista não é a mesma coisa que governar um Estado. É bom e recomendado que o jornalista persiga o correto para acertar sempre. Para o governante um erro a mais ou a menos não faz diferença. O marketing encobre.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

AQUECIMENTO GLOBAL É EVOLUÇÃO

No mês de novembro do ano passado, incentivado pela leitura do óbvio em sites ou por programas de TV, fiz aqui no blog dois artigos comentando o comportamento dos ecologistas e a perca de tempo dos ditos cientistas do meio-ambiente. Claro que reconheci e reconheço sempre a minha ignorância sadia e proposital no assunto. Por conta disto, agora estou recebendo e-mails e ligações de amigos e leitores, críticos e atrevidos que nem eu, perguntando se não vou engolir o que disse. Lembram-me dos estudos que estão sendo alardeados agora sobre o aquecimento global, que o planeta terra está correndo riscos e outros respeitáveis blablablás. Morro afogado pelas águas dos oceanos e não mudo um milímetro do que já elaborei intuitivamente sobre as mudanças climáticas mundiais. E não só intuitivamente. Mas porque tenho uma boa memória e sou capaz de citar tim-tim por tim-tim tudo o que já foi publicado sobre o assunto. E garanto que quem mudou de opinião foram os ecologistas e cientistas. Basta lembrar que na escola, durante décadas, aprendemos que as florestas são o pulmão da terra. Cortar árvores comprometia a qualidade do ar que respiramos. Há cerca de dez anos os cientistas mudaram de opinião. Quem faz a limpeza do ar são os oceanos e não as florestas. Elas contribuem apenas com três por cento deste trabalho. Há pelo menos oitenta anos um fenômeno chamado El Niño entra e sai de moda, em ciclos de seis ou dois anos alternados, Segundo os estudiosos é o responsável pelas mudanças climáticas. Listo, se for necessário, pelo menos 21 catástrofes mundiais provocadas por ele. De furacões a maremotos. Em meio a isto também entrou na pauta das discussões científicas o gás CFC que teria destruído parte da camada de ozônio da terra. Mais recentemente, o que os cientistas estavam dizendo é que o pum dos animais - vacas, ovelhas e porcos, é que faz estragos no nosso tão protetor ozônio. E tem mais. Os culpados são normalmente os povos que não têm nenhum grau de parentesco com os cientistas. Quer dizer: os estudiosos suecos apontam o dedo para os países americanos. Estes, por sua vez, dizem que o vilão da história são os orientais. O Brasil, cujas riquezas naturais são as mais cobiçadas em todo o mundo, está sob outro foco. É o país que pode salvar o mundo. Se parar de cortar árvores, se deixar de criar gado, se não fizer escavações de minérios, se não produzir mais aço etc e tal. Aço depende de carvão vegetal em sua composição. As atividades econômicas, diga-se de passagem, capazes de catapultar o Brasil para o clube dos países ricos, têm de ser paralisadas. Acredito no aquecimento, há números e estatísticas que comprovam o fenômeno. Aliás o aquecimento foi o grande responsável pelo fim da era glacial. De lá para cá o gelo da terra vem derretendo em maior ou menor intensidade. Duvido é da conclusão científica que entrou na moda agora. Dependendo dos interesses comerciais do mundo, no futuro bem próximo vão encontrar outras causas. Particularmente só tenho uma certeza. Todas as mudanças da natureza, a extinção de espécies e o surgimento de outras, fazem parte dessa coisa fabulosa que é a evolução. Antes mesmo da revolução industrial, do aumento populacional e do corte de florestas ela estava presente na vida de cada um. A invenção de máquinas quase perfeitas, humanóides, e os avanços da medicina em si são a comprovação da evolução do homem. E o que vai garantir a sua sobrevivência não é o interesse comercial. Não é a discussão de quem destrói mais os recursos naturais. É sobretudo a inteligência.
(Foto e criação extraídas da internet)

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O LULA REINVENTOU O PND

PND era o PAC dos governos militares. PND significava Plano Nacional de Desenvolvimento. PAC, inventado e lançado hoje pelo presidente Lula, significa Programa de Aceleração do Crescimento. Li e reli o PAC lançado hoje. Tentei descobrir, com os meus parcos conhecimentos de economia, de onde sairá o dinheiro para bancar essa proposta milagrosa de investimentos para gerar um crescimento de mais de quatro por cento somente em 2007. Não descobri. O Governo aposta no setor privado. Mas o setor privado aposta no Governo. Aliás o setor privado vem aguardando há quatro anos algumas garantias do Estado para fazer os investimentos que tem vontade. Nenhum empresário tem coragem suficiente de investir em negócios cujas garantias não estão muito claras. Quem tem mais de quarenta anos, ou que sempre foi antenado, sabe o que era o PND dos governos militares. Calhamaços e pacotes de estudos, impressos em papel caro e encadernação chamativa, com um enunciado lindo, com previsões e metas, que no final das contas não passavam de belos discursos escritos por economistas brilhantes no argumento e miseravelmente obtusos na prática. (Tenho 28 volumes do PND em minha magra biblioteca) Estou sentindo um cheiro de PND no PAC petista. O PAC não prevê o controle dos gastos públicos, onde está o ralo da economia brasileira. A única vantagem, bem colocada, são as regras para reajuste dos salários mínimo e dos servidores. Vantagem para o Governo e para a iniciativa privada, diga-se de passagem. Se houver mesmo o crescimento projetado, nenhum trabalhador poderá reivindicar uma fatiazinha de benefício. Está na regra criada agora que isto não será possível. E é regra do Partido dos Trabalhadores. No mais é apostar no imponderável. Aposto que não vai dar certo. Queira Deus que eu esteja errado. E, como dizem alguns leitores do blog, é só mania de malhar o Governo. E tem graça malhar quem está fora do poder?

terça-feira, janeiro 16, 2007

JORNAL IMPRESSO TEM FUTURO, SIM!

A grande pergunta hoje sobre o futuro do jornalismo impresso é se vai ou não acabar. Com a explosão da internet, em que sítios de notícias nasceram de todo modo e tamanho, os setores econômicos começaram a se questionar se valia à pena continuar investindo no jornal, do modo em que ele é concebido hoje editorial e graficamente. Particularmente acho que sim. O jornal impresso terá vida longa. Mas haverá mudanças radicais no modo de impressão. Como já houve ao longo dos últimos dois séculos. Vislumbro, por exemplo, a impressão eletrônica. Não para ler em tela de computador, mas numa telinha fina que o leitor poderá carregar debaixo do braço. E se duvidarem vai haver mecanismo de virar e dobrar a página. As profissões de gazeteiro, distribuidor de jornal, empacotador e outras que vivem para fazer circular a notícia com assinantes e bancas de jornais se acabarão. A de jornalista de impresso, nunca! A internet é lixo puro. Os blogs e sítios de notícias, embora despertem muita curiosidade e acessos irrestritos no primeiro momento, nunca terão, salvo raras exceções, o principal produto que garante o consumo do jornal impresso: a credibilidade. Além da credibilidade o veículo dá comodidade ao leitor. Em uma mesma edição, feita por jornalistas experientes em apurar as notícias, o consumidor terá todas as variáveis de informações: política, economia, esporte, polícia, variedade, cidade, análises nacionais e internacionais, opiniões conceituadas, oportunidade de investimento e o que mais se imaginar para o gosto do leitor. Na internet normalmente os sítios são especializados, quando muito. Porque na maioria das vezes se baseiam apenas em especulações e opiniões de duvidoso conceito. Portanto não passa de mero achismo afirmar que os jornais impressos terão vida curta. Vamos continuar comprando e assinando este tipo de jornalismo, que é o mais consistente. Com a nossa telinha fina, que poderemos comprar ou receber de graça dos grandes órgãos, como fazem as operadoras de celular, teremos on line todo o caldo de informações. E apuradas por quem realmente tem competência. Apostar simplesmente na internet como fonte de informação é apostar no imponderável. Primeiro porque não é absolutamente confiável. Segundo e definitivamente porque a garantia do consumo de notícia é dada pela credibilidade e pela ética de quem a apura.

terça-feira, janeiro 02, 2007

MESTRE EM PERORAÇÃO, EU?

O respeitável professor Aldir Nunes, intelectual e excelente observador político, deu-me a honra da visita a este blog. E, melhor ainda, catucou a minha inspiração. Com as arrumações de final de ano estava dando vez à preguiça no pensamento mais apurado para escrever. O professor Aldir Nunes comentou a postagem anterior, sobre a fraca e improdutiva polêmica que ensaiei abrir com os “artistas piauienses”. O teor do comentário: Esses "artistas" contestadores da vossa "argumentação/peroração" sobre "cultura/folclore" são na realidade uma súcia de analfabetos linguísticos e culturais... No entanto, mestre da peroração... profesor Marcus: a expressão "folklore" (sabedoria popular, traduzida do inglês), literalmente, é cultura!!! Bom... Deixe-me ver como contestar o professor Aldir Nunes, sem tirar os méritos da sua visão sobre cultura. Eu afirmei no texto anterior que não confundo cultura com folclore. Fica mantida a afirmação. Cultura para mim é universal. Por exemplo: Shakespeare emociona e é compreendido por todos os povos, de todas as línguas. Mesmo que o trabalho dele em inglês seja montado por um brasileiro, por um francês ou um haitiano. Uma poesia búlgara, ou árabe, é consumida e entendida mundialmente simplesmente porque é boa poesia. Da mesma forma que poderia não agradar por ser de qualidade duvidosa. O Brasileiro Paulo Coelho(*) é amado e paparicado no mundo todo porque sabe lidar com as palavras, sabe falar de coisas universais, mesmo pensando e tendo toda uma formação cultural brasileira. Bom. Chega de exemplos! Agora vamos ao folclore, que não passa, para mim, de manifestação cultural localizada. A Sônia Terra gingando e soltando a voz no Coisa de Nego pode até agradar em todo o mundo, porque alguém vai achar que ela é africana, daquelas tribos sub-desenvolvidas. Mas garanto que nem todo mundo vai entender o contexto. Nem mesmo a grande maioria dos piauienses. Nós não estamos preparados culturalmente para consumir história através do folclore. Portanto, professor Nunes, continuo defendendo que folclore não é cultura, embora deva ser compreendido como tal. Folclore é folclore e olhe lá! Tem um monte de manifestação cultural aqui mesmo no Nordeste que foi inventado só para inglês ver. Não faz parte das tradições de nosso povo. Tampouco nasceu no berço dos nossos ancestrais. O Bumba meu boi, por exemplo, a que povo pertence? Aos piauienses, aos maranhenses, aos paraenses ou aos mineiros? Mineiro, sim. porque lá também tem um arremedo de Bumba-Meu-Boi. Ou seria apenas uma adaptação do folclore húngaro, onde existe uma história parecida de encantos e magia para proteger os vassalos em suas vontades, contra a arrogância dos senhores feudais? Diferentemente da cultura, um conjunto amplo de características humanas que não são inatas, que se adquire suando muito, pesquisando, tendo a mente aberta para o aprimoramento de valores, o folclore se transmite por osmose. O professor Nunes, ainda no seu comentário, disse que os artistas são contestadores de minha “argumentação/peroração” E diz que sou mestre em peroração. Concordo que faço exercícios de argumentação. Contesto o mestrado em peroração. Não a pratico como verbo intransitivo. Nem como verbo transitivo indireto ou transitivo direto. Perorar é verbo para político. Eu sou apenas jornalista, um especialista em generalidades. E portanto, admito, de cultura duvidosa.
(*) Recorri a Paulo Coelho como exemplo de literatura só para facilitar a compreensão dos que não foram além.
Lembrete: Há um equívoco do professor Nunes na tradução de folklore. No inglês quer dizer realmente sabedoria popular. Mas para traduzir literalmente cultura há uma expressão cognata: culture.