Em 1968, no vigor dos 16 anos, um anônimo entre centenas de estudantes que queriam mudar o Brasil, resolvi que queria ser jornalista. Em 69 bati à porta do Jornal do Piauí, onde fiquei como auxiliar de revisor. Em 70 já estava sugerindo notas e artigos. Lutei pela liberdade de expressão sentado no banco dos réus. Guardo uma lista imensa de coisas planejadas e algumas realizadas. Espero que esta nova incursão, manter um blog sempre atualizado, seja duradoura.
quinta-feira, março 30, 2006
"SEMOS DOTÔ PORQUE LUTEMOS"
Já está na Câmara dos Deputados, com pedido de urgência urgentíssima para votação, o Projeto de Lei nº 73, de 1999, que reserva 50% das vagas nas universidades públicas a estudantes que cursaram o ensino médio em escolas da rede pública. Deve ir a plenário para votação em 15 dias. E já na próxima semana será tema de audiência pública, na qual os especialistas terão voz.
Eu sou um especialista em ser do contra. Deveria ser ouvido.
Nos últimos anos os cabeças pensantes do país, provavelmente de olho no voto, estão sempre a reboque dos grupos sociais autodenominados minorias. Em todo o mundo universidade é escola de excelência, lugar dos excelentes, dos que ralaram, estudaram, aprenderam e provaram que estão preparados para um ensino superior.
No Brasil o simples fato de ter a pele negra já é motivo para guardar vaga em uma faculdade. Ser índio também dá direito. E agora, gradualmente, quem sai da escola pública falida vai ocupar 50 por cento das vagas de excelência.
É, de certa forma, um prêmio à omissão do poder público. Os governos federal, estadual e municipal gastam bilhões de reais com escolas, com professores ineficientes, com um sistema de ensino superado e com raras exceções alguma escola do ensino médio tem bom funcionamento. Isto não está em discussão. Foi mais fácil estabelecer um critério de valor para entrar na universidade: sair de escola pública gratuita.
Quem for esperto, para não dizer desonesto, vai dar um jeitinho para estudar em boas escolas particulares e na hora H aparecer com currículo de escola pública para ganhar pontos e ingressar no ensino superior.
Alguém duvida?
Em dez anos, quando as minorias se derem conta, vão perceber que lutaram na causa errada. Vão se perguntar se teria sido tão difícil assim cobrar ensino médio de qualidade, ao invés de pular a janela da universidade na marra.
Entrar na universidade com pouca qualificação significa quase sempre graduação deficitária. Quem não teve condições de cursar, no ensino médio, uma escola particular, mesmo sem pagar mensalidade da universidade pública vai ter dinheiro para investir em livros caríssimos?
Sem falar que nem só de livros didático se faz um bom doutor. Há toda uma parafernália de informação, de leitura especializada, de investimento em tecnologias que estão sempre se renovando.
O mercado de trabalho, no Brasil, tem uma imensa necessidade de tecnólogos, que podem se formar em escolas de menor custo. Infelizmente o que dá voto é oferecer à galera, para usar uma linguagem jovem, um diploma de questionável graduação, produzindo uma massa de “formados” satisfeitos com a oportunidade e infelizes pela falta de emprego. O mercado, é sempre bom lembrar, não se engana com diplomas. Ganha a vaga quem realmente provar que está devidamente qualificado.
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Lembrei daquela musiquinha safada que nos dava alento na juventude, "...Quem sabe faz a hora...". E a propósito um bom título para este teu comentário seria A VITÓRIA DA MALANDRAGEM. Quer mudar, não, fio?
ResponderExcluirPrezado Marcus:
ResponderExcluirNão fique chateado com o que eu vou dizer, mas eu adoraria encontrar um texto seu em que eu pudesse discordar, dizer que isso não existe, dizer que vc está equivocado e que uma lei (mais uma!!) como essa vai dar oportunidades para os mais carentes de entrar na universidade, e que assim, quem sabe, as universidade brasileiras não formarão gente mais especializada - não apenas para o mercado de trabalho - mas gente capaz de se adaptar às mudanças desse mercado. Mas impossível dizer isso!! Vc falou tudo. Falou o que todo mundo sabe e finge q não sabe: Que os investimentos na educação são medíocres, são insuficientes, são mal empregados. Qual a novidade do seu texto? Nenhuma! Grande coisa...
Quer um conselho? Dá pra escrever textos em que a gente possa discordar, questionar, polemizar, dizer que vc está errado, sei lá...vamos fazer alguma coisa! Porque se assim continuar seu blog vai ficar chato, e vc, que está se "achando" por falar coisas inteligentes e óbvias vai chegar a triste conclusão de que não acrescentou nada a ninguém, afinal, todos concordam com vc.
Ah, mais uma sugestão. Vc bem que poderia responder aos seus leitores, viu? Esse retorno é legal.
É a minha sugestão.
Muito bem colocado, não podemos mudar uma vírgula do que você escreveu com precisão. Parabéns!
ResponderExcluirVocê tem uma capacidade ímpar de diagnosticar um problema. Será que poderia apresentar uma solução?
Minha provocação para a sua inteligência.
Liga nao se vc esta no lugar que esta e tem um blog ... E por que vc abraça sua carreira como um homem que tem visao do mundo ;( dos dois lados) ele e que nao le ou NÃO sabe como trabalhar pra mudar o mundo ao inves de ficar dando uma de DOM RATÃO. (TO FALNDO DO COMENTARIO DO ANONIMO)
ResponderExcluirAgradeço as manfestações dos leitores: Aceito o título do Machado. Estimulante a mensagem do(a) Anônimo. Elogios e cobranças. Lau tentou me defender de um ataque que não houve mas valeu a intenção. Willian Tito pergunta se eu tenho a solução. Claro que tenho. Já a apontei. Para não emburrar a universidade é só investir no ensino de segundo grau. Aliás, como crítico que não está disputando poder, posso sugerir solução prá tudo. Diferente de Lula, por exemplo, que sabia resolver os problemas brasileiros quando corria atrás do poder. Problemas só existem para quem não consegue ver o óbvio.
ResponderExcluirOi, eu sei que vc e um otimo jornalista etc, etc, etc...Mas posso dar uma sugestao que tal "atacar" as empresas que serve como provedor como a VELOX(LERDOX)?
ResponderExcluirMeu bem, a gente precisa mudar essa cultura de ter td mais fácil, td mastigado, td no "jeitinho brasileiro". Mas isso tá tatuado em nossa cultura social. Outro dia, fui à reunião de pais da escola da June, minha filha. Qual não foi minha surpresa qdo uma senhora pediu para a escola "diminuir" a quantidade de tarefas de português,rsrs, deu vontade de rir. E feito vc, fui do contra....e acho q ganhei a parada.O português e o bom senso venceram. Ah, tem textinho novo lá...bjs!
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