terça-feira, maio 29, 2007

RENAN CALHEIROS É UM HERÓI

Renan Calheiros é o herói nacional. Garanhão, adúltero, generoso e displicente. Não precisa de mais qualidades para ter a admiração de um país machista. Surpreendido pela revelação de seus feitos heróicos, Renan calou o Senado. Juntou alguns papeis e, ao invés de ir para a tribuna, se aboletou na cadeira da presidência. De lá se fez de ofendido. E defendeu-se dos vilipêndios lançados pela Veja. Transformou a publicação na mais nova revista de fofocas do país. Nenhum senador o interrompeu. Também pudera!
Regimentalmente, como presidente do Senado, e ao falar nesta condição, ninguém pode se manifestar contra ou a favor. Pode até cochilar ou se retirar do plenário. Mas interromper a fala, de jeito nenhum. Renan confessou. Fornicou mesmo com a jornalista. Teve uma filha com ela. Mas não a abandonou. Assumiu a paternidade. Um ano e meio depois, claro, porque precisava saber se a menina se parecia com ele. E para garantir o futuro da criança, preservando a vida pessoal, fez o que fez. Utilizou-se de um amigo de vinte anos para repassar as obrigações pecuniárias. Generosas, aliás. A filha não deveria passar necessidades. A mãe não poderia chorar a separação. Dinheiro dá conforto e resignação, sabiam? A defesa de Renan convenceu. O país deixou de discutir a bandalheira pouco republicana para centrar fogo na ética jornalística, que não podia ser quebrada para entrar na vida privada de um homem público. Como nunca liguei para manual de ética, porque já nasci com o genes da ética e o reforcei durante toda a minha vida, quero, sim, continuar na discussão. Tenho a convicção que Renan Calheiros é homem público. E o que ele fez confessadamente, entre quatro paredes, com a jornalista, no privado, não vai fazer comigo publicamente sem beijar na boca. Quero, sim, saber de onde saiu o dinheiro, por que um alto executivo de uma empreiteira estava sendo usado como garoto de recado e porque o presidente do Senado, tão generoso, não se preocupava em ter recibo para evitar futuras cobranças. Sim porque a jornalista poderia alegar que nunca recebeu nada do pai da criança e pedir uma indenização polpuda. Como Renan iria provar que pagou o acerto? Quero saber também se como cidadão Renan declarava no Imposto de Renda a mais nova herdeira e a sua mãe como dependentes. Se declarou neste ano, a título de pensão alimentícia, os valores que mandou o amigo entregar para a ex-concubina. E definitivamente quero deixar claro que minha preocupação é com o relacionamento pouco ortodoxo do presidente do Senado com empreiteiras. A sua relação fora do casamento pouco me interessa. Diz respeito apenas à tolerância de sua família. Se bem que cair na farra sem usar camisinha é uma falta de compromisso com a saúde pública da nação.

sexta-feira, maio 18, 2007

AUTO-ESTIMA DESESTIMULA A CIDADANIA

A auto-estima do piauiense foi para o brejo. Acho eu. Aliás, voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Ao que me lembre essa tal auto-estima, criação do Ministro da Propaganda Nazista Paul Joseph Goebbels, chegou ao Piauí com o PT. Antes disso o piauiense só tinha direito às euforias passageiras. Depois que o PT assumiu o poder no Estado, entraram em ação as campanhas mostrando que valia à pena acreditar. A miséria também é motivo de orgulho. Credo! Particularmente acho que mais vale conservar as euforias esporádicas que viver sonhando. O PT, que investiu em marketing para distribuir auto-estima, é o mesmo que nomeia arautos para nos meter goela abaixo o imponderável: O PT acha que Teresina, administrada pelo PSDB, é outro Estado. Basta ver as especialíssimas opiniões do novo Secretário de Saúde, Assis Carvalho. Ele não é médico mas foi um dos campeões de voto para deputado no Piauí. Bancário e amigo do governador, antes mesmo de se eleger passou a ser entendido em trânsito e não menos especialista em distribuição de água. Administrador nato. Tem pelo menos uma obra majestosa em Teresina. A festa de lançamento da cidade DETRAN, com apresentação da Esquadrilha da Fumaça. A cidade não pôde ser construída. A Festa consumiu todo o orçamento. Assis Carvalho entende que o dinheiro arrecadado pela União, fruto do imposto pago por todos os cidadãos, é do PT. Por isto não vai permitir que se invista um centavo em uma obra do PSDB, no caso a conclusão do Pronto Socorro Municipal de Teresina. Prefere fazer remendos em velhos prédios, segundo ele, para salvar o povo do péssimo atendimento no já obsoleto Hospital Getúlio Vargas. Uma pancada na auto-estima do povo, que paga imposto, espera retorno e vê que não pode usufruir nada. Outro especialista do PT é o Secretário de Segurança, Robert Rios. Comprovadamente um experiente policial federal, com um currículo invejável na área de segurança. Sua especialidade, no entanto, é se notabilizar pelo que diz e não pelo que faz. Para ele Teresina não tem mais do que 120 assaltantes armados. A declaração foi publicada pelo Jornal “O Dia”. Garante que a polícia conhece a todos. E quando prende quarenta solta uns vinte. Deve ser uma estratégia para manter os policiais ocupados. Provavelmente se houvesse a prisão de todos, com flagrante armado através de inteligência, os agentes policiais iam entrar em depressão. Perderiam a auto-estima por absoluta falta do que fazer. Mais uma pancada na auto-estima do piauiense, que ficou de novo em segundo plano. Ao invés de ter a sua segurança garantida, tem que entender a lógica dos especialistas do PT. Entender com o risco de levar uma bala no meio da cara num assaltozinho vagabundo de esquina de caixa eletrônico. Nunca tive auto-estima. Nem sei o que é. Não embarquei nas loas do marketing petista. Ela só serve para autores de livros de auto-ajuda. Outra palavrinha, aliás, que abomino.
Sei o que é amor próprio. Por isto sou mais eu. O Estado que recorre aos artifícios da auto-estima se assemelha à Alemanha de Hitler. Estimula o patriotismo para esconder deficiências e arbitrariedades. Eu prefiro estimular a cidadania. Cobrar o que me é devido e mostrar as incompetências que me envergonham.

quinta-feira, maio 10, 2007

A FÉ ALIMENTA O COFRE

Duas constatações da visita do Papa Bento XVI ao Brasil: 1 - O português que ele aprendeu em noventa dias é bem melhor que o português nativo do presidente Lula. 2 – Lula tem mais carisma. É mais esperto. Se o colocarem para rezar a missa de despedida do Papa, não só o fará melhor que os padres, como será capaz de virar santo. Milagres comprovados não lhe faltam. O principal é o programa Fome Zero. A comida nunca chega à mesa do brasileiro mas acabou a fome. O milagre menos importante foi a reeleição. Ao invés de curar cegueiras, cegou a todos. E os fez acreditar que ele não sabia de nada. Outras constatações, sem qualquer culpa do Lula: O maior país católico do mundo, o Brasil, está perdendo ovelhas para outras religiões. Segundo pesquisas, o brasileiro descobriu que também pode salvar a alma nas Igrejas Batista, Presbiteriana, Testemunhas de Jeová, Universal, Budista, Xintoísta, além de outras. Ou ainda sendo espírita, umbandista, macumbeiro, largado da vida ou agnóstico. Se bem que agnóstico só pensa na salvação do corpo. Deus é apenas uma possibilidade. Com os números foi fácil convencer a Igreja Romana: ou vende a mesma ilusão das outras no Brasil, fazendo milagres ao vivo, com a cura fantasiosa de todas as doenças e aleijões, ou se contenta com o dízimo cada vez mais escasso dos católicos mão-de-vaca. Sim, porque segundo a mesma pesquisa os cristãos de outras Igrejas são mais generosos. Os católicos escondem a botija. Mas não será por falta de milagres que os católicos brasileiros ficarão descontentes. O Vaticano, bem mais que Lula, tem tradição. O Brasil, tão pobre em Santos porque tinha rebanho que se contentava com pouco, agora está no roteiro. Em 2002 ganhou a canonização de Madre Paulina, a primeira Santa Brasileira, que aliás nasceu na Itália. Não Valeu! Tudo bem. Bento XVI agora beatifica um autêntico brasileiro, milagreiro comprovado, que curou e cura muita gente com pílulas de oração. A tradição começou com muita fé. Frei Galvão escrevia orações em pedaços de papel, enrolava-os, e dava aos enfermos para engolir. Depois de Galvão a Igreja Católica no Brasil colocou na lista de beatificação mais quatro milagreiros. Albertina Berkenbrock, de Santa Catarina; padre Manuel Gonzales e o coroinha Adílio Daronch do Rio Grande do Sul, e a irmã Lindalva Justo Oliveira, de Salvador, na Bahia. Vai garantir o dízimo.
Como bom nordestino, abraço a causa da região. Por enquanto a Cúria Romana está se preocupando mais com milagreiros do Sul e do Sudeste. Cuidado com a Universal. Aqui em Teresina, por exemplo, toda semana os bispos dessa igreja jogam no lixo algumas muletas e dezenas de pares de óculos escuro. Prova de que os fiéis ficaram curados ao vivo nos extraordinários cultos de finais de semana.
É hora de colocar na lista de beatos, para canonização imediata, Padre Cícero do Juazeiro e Irmã Dulce da Bahia. São excelentes nomes. No futuro, quem sabe, o pernambucano Lula também poderá entrar. No Piauí o meu preferido é Mão Santa. Quando era governador conseguiu o milagre de tirar uma foto sendo recebido pelo Papa Santo João Paulo II, ao lado de dona Adalgisa, sem nunca ter marcado audiência e sem ter passado no Vaticano.

quinta-feira, maio 03, 2007

GRAVIDEZ ON LINE OU DEPRESSÃO?

Devo, sim, uma boa explicação aos amigos e leitores. Sumi sem culpas. Mas foi involuntariamente. Ultimamente, graças a um médico dos bons, tenho explicação para todas as mazelas: de não comparecer ao trabalho até a falta de paciência com os colegas que tentam vender suas ótimas idéias de pauta na redação. Contra a minha vontade o médico amigo diagnosticou que estou com crise de depressão. Como assim crise de depressão, se não sou depressivo? Você é que pensa – sentenciou ele. Como não acredito, ou melhor, não acreditava que existisse esta doença, corri para a internet. Pesquisa é comigo mesmo. Em um site de diagnóstico on line descrevi os meus sintomas: tonturas ou angústia, dores musculares, indisposição, taquicardia etc. Em menos de três minutos lá estava uma descoberta inovadora, totalmente diferente de depressão: “provável gravidez”. Epa! Como gravidez? Sou homem e a estas alturas da vida mesmo que tentasse engravidar uma generosa e paciente parceira dificilmente iria conseguir. Só então me dei conta que me apresentei para o diagnóstico on line como sendo do sexo feminino. Maior bandeira! Troquei o sexo, mantive os sintomas. E lá vem uma nova doença: “desnutrição”. Caramba! Será que na medicina presencial, olho-no-olho com o médico, ele também muda de opinião num piscar de olhos? Ou num clicar do mouse? Fiquei na maior dúvida. E por falta de opção resolvi assumir que estava mesmo com crise de depressão. Com os colegas quis mostrar-me bem disposto, gozar do diagnóstico. Não aceitar, enfim. Foi um desastre. Cada um mostrava-se mais preocupado comigo. Pedindo para me cuidar, para aceitar os conselhos médicos. Ouvi os mais aterradores relatos, de gente que ficou paralítica, até gente que cometeu o suicídio. Foi tratamento de choque, mesmo. O certo é que agora no final do mês voltei ao médico e perguntei se o cara depressivo pensava em grana, em viagem, em passear. Ele garantiu que não, que a depressão deixa a pessoa em estado de letargia... mas não em todos os casos, porque tem caso grave, caso médio e caso brando etc... etc. Pois doutor – disse-lhe eu, estou completamente curado. Estou depressivamente louco para receber a minha grana, do salário, e sair por aí dando uma de turista. Os meus superiores aceitaram essa coisa de depressão e me aconselharam dar uma parada geral. Tirar férias. O médico suspirou fundo, deu-me uma lição de moral porque eu não acreditava no diagnóstico dele e arrematou: pois foi tudo graças ao diagnóstico correto e aos medicamentos que você tomou. Mas que medicamentos? Rasguei a receita antes de chegar ao estacionamento. Não confio em diagnóstico que leva o paciente a tomar quatro medicamentos por dia, com o conselho de evitar dirigir, ficar em casa, não fazer trabalhos em máquinas, porque vai ter sonolência. A cura, garanto, veio do carinho dos colegas de trabalho, dos chefes. Da compreensão dos amigos. Dos conselhos chocantes. Ah e antes que encerre quero revelar um segredo que pesquisei na internet: dizem os especialistas que o cara quando está depressivo pode inventar muitas verdades.