segunda-feira, fevereiro 10, 2014

É UMA PRAGA O UAI DE ZAP

M.  Eduarda em foto antiga, quando ainda gostava de bonecas
Maria  Eduarda, minha filha de quatro anos e meio, fez-me  um pedido embaraçoso: “papai compra para mim um celular com uai de zap...” . Fiz cara de entendido e perguntei para que ela queria tal mimo.   Ora papai – disse-me ela, “quanto tu estiver lá longe de casa eu falo contigo toda hora”. Fiz novamente cara de entendido e saí pela velha tangente:  “vou falar com a mamãe”.
Repare que eu não perguntei  para que servia, mas para que “queria tal mimo”.  Não quis dar  o  braço a torcer  mas não sabia, até então, o que vinha a ser esse tal de uai de zap,  apesar de estar farto de ouvir falar na conversa dos mais jovens: “manda pelo uai de zap”... “vamos nos  encontrar  no uai de zap mais tarde” ...  Daí que pergunta daqui, indaga dali, se fazendo  de besta algumas vezes, descobri   o que vem a ser o troço. (O Google também não sabe o que é uai de zap, juro)
E sabendo o que é essa praga, ou seja lá que nome a coisa tenha - porque há   gente que também pronuncia uait sapi,   compreendi uma cena que me incomoda tanto nos últimos tempos: famílias inteiras, em mesas de restaurantes e pizzarias, ”reunidas”   em torno do celular  individualmente - se é que isto seja possível.
Sério. Já notou esse fato comum ou você também se reúne com os seus individualmente?  A última vez que vi a cena foi no domingo que passou. Nada menos que seis pessoas de uma mesma família sentadas à mesa, cada uma curvada  feito uma interrogação sobre o minúsculo teclado  do celular.  Havia uma sétima pessoa, mas não contava: uma simpática senhora com presumíveis oitenta anos, que ou  não tinha celular, é desinformada que nem eu, ou é cega...  Ou muda.  O certo é que ela estava com  o olhar perdido no tempo, caladinha, sem ter a mínima atenção da parentela em volta.
Depois caiu a ficha. Estavam ali para comemorar o aniversário de velhinha. Saiu um bolo no final do almoço, cortesia da casa.

E daí?  Dai que volto ao pedido da Maria Eduarda. Vou falar com a mamãe, sim, mas fechar um acordo. Nada de levar o brinquedinho para as nossas incursões gastronômicas. 

8 comentários:

  1. Anônimo11:31 AM

    Meu bem, é facil explicar. Isso se chama conflito de gerações, você é da geracão "Baby boomers" e a Mary Du da geração "Z". Ou seja, você é do tempo da máquina de escrever e a Du já nasceu com um chip, uandtendi?!!!.

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  2. Mercedes1:58 PM

    Camarada Cavalcante a M. Eduarda é tua filha ou neta? Fala sério homem e dá o mimo que ela pediu. Genética é fodástica, como dizíamos no nosso tempo. Que já se foi diga-se de passagem.

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  3. Escoteiro Junio9:23 PM

    Se o senhor fose jornalista devia saber a muito tempo o que é WhatsApp. E o pior de tudo é confeçar que uma criancinha sabe muito mais. Eu tenho 16 anos e uso WhatsApp faz anos.

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    1. Realmente você é um usuário "confeçado" do WhatsApp.

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  4. Duas coisas: primeiro agradecer a vc pelo retorno do blog. Sou fã do seu texto e da sua inteligência incomum, embora suspeito para falar, devido à grande amizade que nos une.
    Segundo: esse negócio de ficar cada em bares, restaurantes, consultórios médicos, fila de supermercado, etc, de olho no celular, mania perturbadora que a mim também incomoda sinceramente, traduz nas entrelinhas o desvalor que se dá às pessoas presentes àquela ocasião. Já vi casais de namorados assim também, que antes se acochavam enquanto não chegava a pizza, ou se beijava entre uma cervejinha ou outra. Negócio de louco.
    Texto oportuno; bastante oportuno.

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  5. Anônimo5:28 PM

    Meu querido Marcus, a Maria Eduarda, aliás, essas crianças de hoje só faltam nascer com chip... São muito inteligentes e antenadas com a tecnologia. Mas, voltando ao foco sobre essas novas ferramentas tecnológicas. Eu também venho observando o distanciamento que estas causam nas pessoas mesmo quando estão bem próximas. É lamentável estar em um ambiente onde deveria haver interação entre as pessoas presentes, e estas se comunicam mais com quem está do outro lado da linha - poderia ser cômico, se não fosse trágico. Enfim, é a vida e suas mudanças. No entanto, há pessoas que ainda prestigiam um bom bate-papo "ao vivo", com conversas divertidas e interessantes, o olho no olho, o contato mais direto... Essa ainda é a minha opção de rede social.

    Abraços meu querido, e dê um grande beijo na Maria Eduarda.

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  6. Muito Bom !
    << Manoel Neto da Costa >>
    (86) 99472-1013 WhatsApp

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