quarta-feira, março 15, 2006

ACORDO À MODA ANTIGA

O Brasil acompanhou ontem a vitória do Exército Brasileiro sobre os traficantes do Rio de Janeiro. Dizem as notícias que a recuperação das armas roubadas, aliás tomadas de assalto de dentro de uma base militar, deveu-se ao trabalho de inteligência e investigação do Exército e da PM do Rio. A melhor manchete saiu no UOL, pela internet: "Exército nega acordo com traficantes para recuperar armas". Deve ser o assunto dos jornais de amanhã, quinta-feira. Mas é claro que não houve acordo, desse tipo moderno, com papel assinado. Qualquer brasileiro, com um mínimo de inteligência, que conhece como funionam as coisas no Rio, sabe perfeitamente que nenhum general ou oficial subordinado subiu o morro para parlamentar com chefes de traficantes. Seria o cúmulo do absurdo, uma desonra para a instituição. O acordo jamais poderia ser direto. Não da forma convencional. Ele existiu a partir do momento em que as tropas subiram os morros com carros de som anunciando que só queriam as armas. Ele existiu a partir do momento em que nas entrevistas à imprensa o oficialato brasileiro ressaltou que as tropas desocupariam os morros tão logo as armas fossem recuperadas. Assinava-se ali, com carimbo da palavra empenhada, o perdão pelo crime de invasão a uma unidade militar. Devemos acreditar que houve, sim, um trabalho de inteligência. Mas o cérebro foi usado muito mais pelos traficantes. Se o exército queria só um punhado de armas velhas, não iria prender nenhum criminoso, e estava atrapalhando os negócios nos morros, em alguns casos até confiscando trouxinhas de drogas dos mercadores mais insignificantes, por que não devolver o que os bravos soldados procuravam? E assim foi feito. E assim os generais têm discurso para atender a mídia. E assim os traficantes têm tranquilidade para retomar os negócios.

2 comentários:

  1. Anônimo4:45 PM

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  2. Anônimo5:33 PM

    queria saber se as armas encontradas sao realmente as armas roubadas, estavam tão velhas, acho que nao se trata das mesmas... é melhor acreditar que sim...

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