segunda-feira, agosto 21, 2006

OS PROTESTOS DOS EX-POBRES

Espetaculares. Estimulantes. Bravas as reações de alguns leitores deste blog com a afirmação de que “alegria de pobre é aperto de mão”. Além dos comentários postados recebi vinte e seis e-mails. Todos a princípio concordam com algumas afirmações mas no geral qualificam-me de insensato, burguês, asno, preconceituoso. Acusam-me de ter sentimentos infame, vil, ordinário e inescrupuloso. Afirmam que as minhas colocações são comuns a pessoas que nunca passaram fome na vida, que não sabem o que é pobreza, que fizeram questão de esquecer as dificuldades que algum dia tiveram. Eu concordo plenamente. Dizem os leitores que têm origem pobre. Está na moda ter origem pobre. Dois leitores mandaram eu mirar o presidente Lula como o melhor exemplo. Vou tentar.
Os ex-pobres que conheço esqueceram o passado. Negam. O presidente, não! Lula decanta a origem humilde, de fome, de miséria, apesar de ter declarado à Justiça Eleitoral que tem um patrimônio de cerca de oitocentos mil reais. Para uma pessoa que passou grande parte da vida sem trabalhar, só fazendo política, é um número espantoso. Exemplarmente invejável. Senão vejamos: Oitocentos mil reais divididos por sessenta, que é a idade do presidente, dá mais de treze mil e trezentos reais por ano. Treze mil por ano, para a Receita Federal, é salário de rico, classe média alta. Deve ser mesmo. Nestas contas do patrimônio de Lula está se levando em conta que ele passou a ganhar treze mil por ano a partir do primeiro ano de vida, que nunca gastou um tostão com mais nada a não ser com o investimento no atual patrimônio. Nem imposto pagou. De fato, o presidente é um pobre que deu certo. Está entre os ricos. E o melhor: não tem que explicar nada, não tem que ensinar como amealhar um bom patrimônio sem trabalhar. E com o poder que tem não precisa esquecer que foi pobre. A lembrança deve ser o combustível que o faz pegar parte do salário dos outros ricos e distribuir com os pobres.

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